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Ted Cruz vence Donald Trump no caucus de Iowa; disputa democrata é acirrada

O senador Ted Cruz comemora com a sua mulher, Heidi, a vitória no caucus de Iowa - Christopher Furlong/Getty Images/AFP
O senador Ted Cruz comemora com a sua mulher, Heidi, a vitória no caucus de Iowa Imagem: Christopher Furlong/Getty Images/AFP

Do UOL, em São Paulo

02/02/2016 01h41Atualizada em 20/02/2016 21h33

O senador ultraconservador pelo Texas, Ted Cruz, surpreendeu e conquistou a maioria dos votos no caucus de Iowa para ser o indicado do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, deixando o magnata Donald Trump e o também senador (pela Flórida) Marco Rubio para trás.

O caucus de Iowa foi a primeira prévia do complexo processo eleitoral americano, com os eleitores republicanos e democratas decidindo seus candidatos para a eleição de novembro. O Estado tem pouca representatividade nas convenções nacionais dos partidos, em julho, que definirão os dois finalistas, mas uma vitória em Iowa é considerada importante por ser uma primeira disputa direta dos pré-candidatos.

Cruz recebeu 28% dos votos, contra 24% de Trump e 23% de Rubio, segundo a "CNN". Tanto Cruz como Trump apareciam praticamente empatados nas pesquisas prévias no lado republicano, mas com uma ligeira vantagem (que acabou não se concretizando) de Trump.

Já entre os democratas, os resultados mostraram uma disputa bastante acirrada entre a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders. 

Com 100% dos votos apurados, segundo a "CNN," a ex-primeira dama e o representante do Estado de Vermont, que se define como socialista, tinham menos de um ponto percentual de diferença --49,9% para Hillary, 49,5% para Sanders--, o que os deixou virtualmente empatados na primária de Iowa, com margem mínima de vantagem para Hillary e praticamente o mesmo número de delegados para cada um na convenção nacional do partido.

As próximas primárias estão marcadas para semana que vem, dia 9, no Estado de New Hampshire.

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AFP

"Vitória dos conservadores corajosos"

Com o apoio do voto evangélico e uma campanha baseada no discurso contra o sistema político, Cruz agredeceu a vitória e destacou o conservadorismo em seu discurso. "É uma vitória dos conservadores corajosos, desse Estado e desse país. O candidato republicano não será escolhido pela mídia, não será escolhido pelo establishment de Washington, pelos lobbies, mas sim pelo povo americano", afirmou.

Cruz lembrou que sua vitória, apesar de acirrada, foi devido à alta participação que lhe rendeu o maior número de votos totais na história de um caucus republicano.

Pouco após o anúncio da apuração, Trump fez um discurso diante de seus apoiadores e parabenizou Cruz pelo resultado. “Estou honrado em ter terminado em segundo. Quando eu comecei a campanha, diziam que eu não ia terminar nem entre os dez primeiros”, disse o magnata.

Marco Rubio obteve um terceiro lugar que o mantém como um dos favoritos na ainda longa corrida pela candidatura republicana, que se formalizará na convenção de Cleveland (Ohio), em julho.

Abaixo da marca de 10% ficaram na seguinte ordem: o ex-neurocirurgião Ben Carson, o libertário Rand Paul e o então favorito ex-governador da Flórida Jeb Bush, que só obteve 2,8% dos votos.

O ex-governador de Arkansas e pré-candidato republicano Mike Huckabee, cuja única esperança era Iowa, que tem grande presença de religiosos evangélicos, anunciou sua retirada da corrida presidencial do partido.

Disputa democrata

A mecânica complexa do caucus democrata, cuja votação é proporcional, e não absoluta, impediu que o partido confirmasse imediatamente a vitória da ex-secretária de Estado. Segundo Andy McGuire, diretor estadual do partido, o resultado é o "mais apertado" na história do caucus de Iowa.

Apesar disso, já na madrugada norte-americana, a campanha de Hillary Clinton declarou que ela venceu a disputa. "Depois de muita apuração e análise dos resultados, não há qualquer incerteza, e Clinton claramente conquistou o maior número de delegados. Estatisticamente, não há nenhuma informação que possa mudar os resultados e o senador Sanders superar a vantagem."

Hillary foi a primeira a aparecer para agradecer aos eleitores seu apoio, e afirmou que sabe "deixar as coisas serem feitas" em Washington, dizendo que defenderá gays, mulheres, trabalhadores e imigrantes se chegar à Casa Branca.

"Estou com vontade de voltar a debater com o senador Sanders", afirmou Hillary, que está abaixo de seu rival nas pesquisas de intenção de voto nas primárias de New Hampshire, a próxima reunião eleitoral.

A façanha de Sanders, que defende o fim da influência do interesse privado na política, o levou a comemorar o empate como uma vitória. "Estamos enfrentando a maior organização política dos EUA. Estamos virtualmente empatados", afirmou. Ao pegar um voo para New Hampshire, ele foi festejado pelos eleitores. 

Depois de conseguir menos de 1% de apoio no caucus, o pré-candidato democrata Martin O'Malley anunciou a suspensão de sua campanha. "Desde o início pensei que seria de uma profunda pobreza para o partido ter apenas dois candidatos. Obrigado Iowa pelo que me ensinou", disse O'Malley.

Processos diferentes

Em Iowa, o caucus teve procedimentos diferentes para os eleitores de cada partido.

Os republicanos compareceram a um dos 1.681 locais de votação do Estado e, após alguns discursos em favor de um ou outro pré-candidato, emitiram um voto secreto.

Por outro lado, os democratas deveriam formar grupos de apoio a cada pré-candidato de forma pública, e cada concorrente precisou reunir o respaldo de pelo menos 15% dos presentes em cada local de votação. Caso não conseguissem, esses simpatizantes poderiam somar-se a outra das opções ou declarar-se "indecisos".