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EUA têm número recorde de presos exonerados em 2015: 149, aponta relatório

Cena do documentário "Making a Murderer", que conta a história de Steven Avery - Divulgação/Netflix
Cena do documentário "Making a Murderer", que conta a história de Steven Avery Imagem: Divulgação/Netflix

Do UOL, em São Paulo

04/02/2016 19h39

Um relatório divulgado nesta quarta-feira (3) nos Estados Unidos mostra um número recorde exonerações em 2015. O Registro Nacional de Exonerações, um projeto da Escola de Direito da Universidade de Michigan, aponta que 149 pessoas foram soltas após serem condenadas injustamente no ano passado, um número que mais do que duplicou desde 2011, segundo o Voice of America.

"Há uma consciência crescente de que as falsas convicções são um problema substancial, generalizado e trágico", afirma o relatório. "Cada vez mais os americanos percebem que condenar pessoas inocentes por crimes é comum".

Mais de dois terços dos exonerados tinha sido condenado em casos de homicídio e drogas, e cinco pessoas haviam sido condenadas à morte.

"A coisa mais notável sobre essas exonerações é a natureza das condenações", aponta o relatório. "A lista de exonerações em 2015 inclui um número recorde de casos de homicídio com falsas confissões e má conduta de policiais, com condenações baseadas em confissões de culpa, e casos em que nenhum crime de fato ocorreu".

O relatório lista 27 exonerações em casos que envolveram falsas confissões, 65 em que houve má conduta policial e mais 65 nos quais a pessoa foi condenada com base em uma confissão de culpa. E, ainda segundo os dados, mais 75 casos em que não houve, de fato, crime.

"Making a Murderer"

As condenações de inocentes ganharam mais força depois que o seriado documental "Making A Murderer", do Netflix, foi divulgado no final de dezembro. A série conta a história de Steven Avery, de Wisconsin, condenado injustamente por um estupro que não cometeu, e que foi solto 18 anos depois graças a um exame de DNA.

Atualmente, Avery está preso condenado à perpétua desde 2005 por outro crime, desta vez homicídio, que ele alega que não cometeu. Conforme é mostrado em "Making a Murderer", Avery luta para provar que sua condenação foi baseada em evidências dúbias e em uma confissão supostamente forçada de Brendan Dassey, seu sobrinho, também preso pelo crime.

A série proporcionou à Avery conseguir uma nova defensora que assumiu seu caso: Kathleen Zellner, uma importante advogada de Chicago conhecida por conseguir a libertação de 17 homens condenados injustamente. Ela tem trabalhado junto com Tricia Bushnell, a diretora do Projeto Inocência do Meio Oeste dos EUA.