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No México, Papa Francisco pede perdão aos povos indígenas

Gregorio Borgia/AP
Imagem: Gregorio Borgia/AP

Do UOL, em São Paulo

15/02/2016 15h29

O papa Francisco pediu "perdão" aos povos indígenas nesta segunda-feira (15) pelas "sistemáticas" incompreensões, exclusões e pela expropriação de suas terras.

"Que tristeza! Como faria bem a todos nós um exame de consciência e aprender a dizer perdão. O mundo atual, expropriado pela cultura do descarte, precisa de vocês. Perdoem seus irmãos!", disse o Pontífice ao iniciar sua homilia na missa em uma das áreas mais pobres do México, em San Cristobal de las Casas.  

Segundo o líder da Igreja Católica, "os seus povos foram incompreendidos e excluídos da sociedade por muitas vezes" e que, durante a história, "alguns consideraram os seus valores, a sua cultura e as suas tradições inferiores".

Lembrando da sua luta em defesa do meio ambiente, Francisco afirmou que os índios "têm muito a ensinar" sobre o cuidado com a natureza.  

"O desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas tocam a todos e nos faz intervir. Não podemos mais fazer de conta que não há nada perante a uma das maiores crises ambientais da história. Nisso, vocês têm muito a ensinar. Os vossos povos, como já reconheceram os bispos da América Latina, sabem relacionar-se harmonicamente com a natureza", disse na homilia.  

Além de pedir perdão aos nativos, o sucessor de Bento XVI ainda fez uma saudação em língua indígena no início da missa. "A lei do Senhor é perfeita em tudo e conforta a alma", disse Franscisco.  

Após a frase que pertence a uma passagem bíblica, o Papa seguiu com uma citação de Popol Vuh, o livro sagrado do povo maia, que diz "um desejo de viver em liberdade e tem sabor de terra prometida, onde a opressão, os maus-tratos e a degradação não sejam moeda corrente".

Assolado pela pobreza e pela insegurança crescente, o Estado de Chiapas foi o cenário do levante zapatista de rebeldes maias nos anos 1990, e hoje é a linha de frente da repressão governamental à imigração ilegal aos Estados Unidos a partir da América Central.

Quando os zapatistas irromperam em cena, mais de dois terços da população de Chiapas era de católicos. Desde então, a expansão do cristianismo evangélico nas cidades indígenas pobres reduziu essa cifra para cerca de 60%, tornando-a a região menos católica do país. (Ansa e Reuters)