Jornal venezuelano sai de circulação por falta de papel e acusa governo de censura
O jornal venezuelano El Carabobeño anunciou que deixará de circular por falta de papel, ao denunciar nesta quinta-feira o que considerou uma censura governamental por sua postura crítica.
"Hoje se está concretizando um golpe contra um dos direitos mais sagrados do ser humano: o direito de estar informado. Chegou o dia em que El Carabobeño põe fim a suas edições impressas", diz o jornal em sua primeira página com letras brancas sobre o fundo negro.
No editorial, explica-se que "se esgotaram os esforços em busca da alocação de divisas - monopolizadas pelo governo venezuelano - para pagar dívidas por insumos (papel) adquiridos no exterior".
Carolina González, chefe de redação do jornal, contou a uma rádio local que "houve ofertas e pressões, nos foi pedido que suavizássemos a linha editorial, mas decidimos manter-nos firmes porque estamos à serviço da gente e não a serviço de um governo".
O jornalista acrescentou que no ano passado o jornal, com sede em Valencia - cidade industrial da região centro-norte de Venezuela -, insistiu em enviar solicitações para a compra de bobinas sem resposta por parte das autoridades.
González acrescentou que os problemas para conseguir as bobinas começaram em 2013, quando o governo do presidente Nicolás Maduro criou a Corporação Editorial Alfredo Maneiro, instituto que administra a importação de papel para a imprensa.
Em fevereiro de 2015, o El Carabobeño já havia mudado seu formato para tabloide, reduzindo o número de páginas.
Proprietários de meios privados e jornalistas venezuelanos denunciaram que o governo de Maduro ataca profissionais da imprensa, ao limitar -segundo eles- a alocação de divisas para a importação de papel, mover processos penais e administrativos por difamação e criticar publicamente comunicadores.
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