"Tenho uma vaga em casa", diz belga que oferece abrigo após ataques
A primeira reação da webmaster Mélissa Monaco, 42, foi oferecer sua casa para quem estivesse perdido e sem saber o que fazer nos momentos seguintes aos atentados que ocorreram em Bruxelas (capital da Bélgica) nesta terça-feira (22).
“Me pareceu lógico abrir as minhas portas para alguém que talvez estivesse precisando”, contou a belga ao UOL.
Assim como ela, várias pessoas estão oferecendo abrigo, pela internet, em postagens com o marcador (hashtag) #porteouverte (porta aberta, em francês).
“Tenho uma vaga em casa, se você estiver preso (a) em Bruxelas esta noite. Não pode ser alérgico a gatos!”, ela diz em sua conta no Twitter.
A residência de Mélissa fica a 3 km de distância da estação de metrô Maelbeek, onde, até o momento, foi registrado o maior número de vítimas: 20 mortos e dezenas de feridos.
Três explosões coordenadas atingiram a estação de metrô, que fica perto de edifícios da União Europeia, e o aeroporto internacional da capital, perto dos balcões de check-in no terminal de embarque, onde ao menos 14 morreram.
Os atentados ocorreram no começo da manhã, no horário local, por volta de 8h15 (4h15 em Brasília).
A recomendação das autoridades é que as pessoas permaneçam onde estiverem, evitando ficar na rua.
“As pessoas podem ficar sem rumo por esta noite, ou por várias noites em Bruxelas, sem ter para onde ir. Até agora, não veio ninguém [para a minha casa], mas ainda é cedo, e as pessoas provavelmente ainda estão tentando entender se vão conseguir voltar para casa. Vou postar minha oferta novamente esta noite”, diz Mélissa.
As atividades do transporte público foram suspensas, assim como as do aeroporto. Vários voos com destino a Bruxelas foram desviados para o aeroporto de Frankfurt, na Alemanha.
As investigações estão em andamento, e suspeita-se que os responsáveis pelos ataques ainda estejam pela região: ninguém foi preso até agora e não houve reivindicação por parte de organizações terroristas.
“Em poucas palavras: uma pancada, tristeza, raiva, e também resistência e humor. Nós não seríamos belgas sem isso”, é como Mélissa descreve a reação de seu país aos ataques.
“O alerta de terrorismo foi elevado, mas temo que isto seja para nada. Nós já tivemos o Exército nas ruas desde os ataques em Paris [em novembro de 2015], mas isso não vai evitar que o fanatismo se espalhe. Pode ser que seja uma guerra, mas é uma guerra de ideias. E a aplicação convencional de medidas de restrição não vai funcionar neste tipo de guerra”, afirma a belga.
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