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A história por trás da icônica foto dos atentados de Bruxelas

Ketevan Kardava/Georgian Public Broadcaster/AP
Imagem: Ketevan Kardava/Georgian Public Broadcaster/AP

Do UOL, em São Paulo

23/03/2016 19h35

Logo após os atentados que atingiram a cidade de Bruxelas na terça-feira (22), a imagem de uma mulher ferida sentada, com o uniforme rasgado, sem um dos sapatos e em choque circulou rapidamente pela mídia. A mulher é a indiana Nidhi Chaphekar, 40, comissária da companhia Indiana Jet Airways. E a foto foi tirada por outra sobrevivente do atentado, a jornalista georgiana Ketevan Kardava, que embarcava no momento da explosão.

Nidhi tem dois filhos e vive em Mumbai, na Índia. Ela trabalha na empresa há duas década, tinha acabado de chegar ao aeroporto e se preparava para embarcar em um voo para os EUA quando as explosões atingiram o local, ferindo mais de 300 pessoas.

Segundo a família da indiana, Nidhi permanece hospitalizada e está respondendo bem aos tratamentos. Ela teve algumas fraturas no tornozelo e queimaduras.

"Estávamos procurando notícias na internet para tentar saber mais detalhes das explosões quando vimos as fotos", disse o cunhado dela, Nilesh Chaphekar, em telefonema para a Associated Press. "A nossa primeira reação foi 'Ela está viva. Graças a Deus ela está viva'".

O marido de Nidhi, Rupesh Chaphenkar, e os filhos, uma menina de 11 e um menino de 14 anos, estão tentando embarcar para Bruxelas, mas não conseguem por conta do fechamento do aeroporto alvo do ataque.

Quem registrou?

Quem imortalizou o choque de Nidhi na imagem que rodou o mundo foi Ketevan, que embarcava para Genebra, na Suíça, para uma reportagem sobre negociações entre Rússia e Geórgia, seu país natal. E a imagem de Nidhi foi a primeira feita pela jornalista diante da tragédia.

"Ela estava em choque, sem palavras. Não havia choro, ela só olhava ao redor com medo", disse Ketevan ao site da Time. "Portas e janelas voaram", contou a fotógrafa. "Tudo era pó e fumaça. Ao meu redor, estavam dezenas de pessoas sem as pernas, deitadas em sangue".

Seu primeiro instinto foi tocar as próprias pernas. "Não conseguia acreditar que ainda tinha minhas pernas", disse Ketevan.

A fotógrafa queria correr para um lugar seguro, mas também queria fazer fotos e estava como o equipamento na bagagem. Ketevan logo percebeu que se tratava de um atentado, e rapidamente postou as fotos que tirou no Facebook e no Twitter. "Como jornalista, era o meu dever fazer estas fotos e mostrar ao mundo o que estava acontecendo. Eu sabia que era a única naquela posição naquele momento".

Ketevan não perguntou nada, nem o nome de Nidhi. Em seguida, ela fotografou outra vítima: o ex-jogador brasileiro de basquete Sebastien Bellin. Em seguida, ela foi forçada a deixar o aeroporto. "Espero que eles estejam bem. Realmente espero que eles superem todas as dificuldades."

A fotografia de Nidhi tirada por Ketevan foi distribuída pelas agências de notícias e publicada na capa dos principais jornais do mundo, entre eles o "The New York Times", "El País" da Espanha, o britânico "The Guardian". No Brasil, estampou a capa dos jornais Folha de S.Paulo e o "O Estado de S. Paulo".