Topo

FBI chama Hillary de "descuidada" por usar e-mail pessoal, mas não aponta crime

Saul Loeb/AFP
Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

05/07/2016 13h02Atualizada em 05/07/2016 13h41

O diretor do FBI, James Comey, anunciou nesta terça-feira (5) que a instituição não recomenda acusações criminais contra Hillary Clinton pelo uso de vários servidores de e-mail particulares para lidar com assuntos oficiais quando era secretária de Estado de Barack Obama (entre 2009 e 2013), embora tenha afirmado que ela foi "extremamente descuidada" na questão.

Em uma declaração à imprensa, sem permitir perguntas, Comey disse que Hillary utilizou vários servidores privados para seus e-mails como secretária de Estado e que muitas de suas comunicações incluíam informação secreta. Além disso, "atores hostis" podem ter tido acesso a eles.

Segundo ele, as investigações não encontraram evidências claras de que Hillary ou seus assessores tenham pretendido violar as leis, embora "existam evidências de que foram extremamente descuidados em seu uso de informação muito sensível, altamente classificada".

Comey acrescentou que a equipe de investigadores realizou uma análise de outros casos de má manipulação de informação secreta e classificada para estabelecer critérios sobre acusações a serem apresentadas. "Não podemos encontrar um caso que possa dar suporte à apresentação de acusações criminais nestes fatos", disse.

De acordo com Comey, os casos analisados anteriormente incluem má manipulação intencional de informação reservada, "deslealdade" em relação aos Estados Unidos ou obstrução de Justiça, características não observadas neste caso.

Por esse motivo, o diretor do FBI ressaltou sua visão de que não há "acusações pertinentes" para ser apresentadas contra a ex-secretária de Estado, lembrando que a decisão final está nas mãos do Departamento de Justiça. Comey acrescentou que a investigação foi conduzida de forma "competente, honesta e independente", apesar do intenso debate público que a envolve.

A polêmica pelos e-mails começou em 2015, quando os veículos de imprensa americanos revelaram que, durante seus quatro anos na Secretaria de Estado, Hillary usou o tempo todo uma conta pessoal para suas comunicações, com um servidor privado. Hillary reconheceu então que teria sido "mais inteligente" usar uma conta oficial e entregou 55 mil páginas de e-mails ao Departamento de Estado para sua publicação.

A controvérsia tem sido explorada intensamente na campanha presidencial, onde a democrata é alvo de conservadores e do candidato republicano, Donald Trump. Após o anúncio do FBI, Trump disse que a decisão foi "ruim e injusta". "O diretor do FBI disse que a 'Tortuosa Hillary' comprometeu nossa segurança nacional. Sem acusações. Uau!", escreveu Trump, usando a hashtag 'sistema fraudado'.

Wikileaks diz ter mais de mil e-mails de Hillary 

Também nesta terça, o portal Wikileaks disse ter mais de mil e-mails de Hillary Clinton e afirmou ter publicado informações sobre a guerra do Iraque recebidas e enviadas pela então secretária de Estado. Os novos e-mails estão em uma seção intitulada "O arquivo de e-mails de Hillary Clinton", que foi aberta em março no site da organização criada por Julian Assange.

O portal publicou em 16 de março uma base de dados com 30.322 e-mails enviados e recebidos pelo servidor privado de mensagem que Hillary usou quando liderava a diplomacia americana  Em mensagem em seu perfil do Twitter, o Wikileaks afirmou na segunda-feira ter publicado 1.258 e-mails sobre a guerra do Iraque.

Entre os e-mails divulgados figura, por exemplo, um enviado por Huma Abedin, uma das pessoas mais próximas à ex-secretária de Estado, no qual informa a Hillary que o vice-presidente, Joe Biden, tinha chegado ao Iraque em 30 de agosto de 2010 para se reunir com líderes políticos do país.

O Wikileaks obteve os e-mails divulgados agora da base de dados do Departamento de Estado, que foi publicando de maneira periódica as comunicações da ex-primeira-dama durante a campanha das primárias. (Com agências internacionais)