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Na despedida, Cameron pede proximidade com a UE e diz que quer levar gato

No parlamento britânico, David Cameron mostrou uma foto ao lado do gato Larry, que vive na residência oficial de Downing Street, e disse: "Quero ele para mim!" - AP
No parlamento britânico, David Cameron mostrou uma foto ao lado do gato Larry, que vive na residência oficial de Downing Street, e disse: "Quero ele para mim!" Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

13/07/2016 10h34

O primeiro-ministro britânico em fim de mandato, David Cameron, aconselhou sua sucessora, Theresa May, a permanecer o mais perto possível da União Europeia apesar do Brexit, durante sua última sessão de perguntas no Parlamento nesta quarta-feira (13). Em um momento mais descontraído, Cameron mostrou uma foto ao lado do gato Larry, que vive na residência oficial de Downing Street, e disse: "Quero ele para mim!".

Durante meia hora de debate, Cameron falou sobre o futuro do Reino Unido fora da UE ao pedir que sua sucessora, que classificou de "negociadora brilhante", busque manter laços "o mais próximos possíveis" com o bloco europeu.

"Devemos procurar permanecer o mais perto possível da União Europeia", disse a May, que será designada nesta quarta-feira como primeira-ministra depois que Cameron entregar sua renúncia à rainha Elizabeth 2ª. 

Cameron também disse que o governo está trabalhando duro para garantir que cidadãos da União Europeia possam continuar no Reino Unido após a votação que definiu a saída do bloco, mas isto vai depender de direitos recíprocos para britânicos na Europa. "Estamos trabalhando duro para fazer o que queremos, que é garantir aos cidadãos da UE que eles terão seus direitos respeitados, todos os que vieram para este país", disse.

Perguntado por um parlamentar se cidadãos da UE podem ter direitos de moradia revogados ou ser deportados quando o Reino Unido deixar o bloco, Cameron disse que há "absolutamente nenhuma chance disto acontecer".

"A única circunstância que posso conceber um futuro governo tentando desfazer esta garantia, seria caso cidadãos britânicos em outros países europeus não tenham seus direitos respeitados. Então eu acho que é importante ter reciprocidade."

Cameron parabenizou a sucessora por ter conquistado a liderança do Partido Conservador e destacou o fato de ela se tornar a segunda mulher a chegar ao poder no Reino Unido, após Margaret Thatcher, também conservadora.

"No que se refere às mulheres primeiras-ministras, em breve estaremos vencendo por 2 a 1", disse Cameron, brincando com o fato de nenhuma delas ser parte da oposição trabalhista.

Cameron anunciou no último dia 24 de junho sua intenção de renunciar após a vitória do "Brexit" no referendo para decidir se o Reino Unido seguia ou não como membro da UE. Assim que apresentar sua renúncia à rainha, Elizabeth 2ª convocará May para formar o novo governo britânico.

Já o destino do "caçador de ratos" oficial do governo virou uma preocupação entre os britânicos, mas, apesar da brincadeira de Cameron hoje, que provocou uma explosão de risos dos deputados, Larry seguirá morando em Downing Street na administração de May.

o gato Larry - Han Yan/Xinhua - Han Yan/Xinhua
O gato Larry, que mora na residência oficial do governo britânico
Imagem: Han Yan/Xinhua

Escócia quer continuar na UE

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, pediu nesta quarta-feira à próxima primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, que considere como "uma de suas prioridades" assegurar a continuidade da Escócia na União Europeia (UE).

A líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP) disse que, embora politicamente elas tenham muitas diferenças, ambas têm "o dever" de manter "uma relação construtiva".

"Uma parte fundamental da minha responsabilidade nos próximos meses, alinhada à vontade democrática do povo escocês, é proteger o lugar da Escócia na UE, e evitar, o quanto for possível, o prejuízo econômico e a prolongada incerteza do 'Brexit'. Por isso, minha mensagem a Theresa May é que a questão de preservar o lugar da Escócia na UE deva estar entre suas prioridades como primeira-ministra", declarou Nicola.

Nicola disse que "Brexit significa Brexit", mas ressaltou que o Reino Unido não deve esquecer que a Escócia votou a favor de permanecer na União Europeia, e por isso "permanência significa permanência". Ela afirmou que respeitará a decisão dos britânicos e que a futura chefe do governo deve respeitar a vontade dos escoceses.

"Um dos primeiros testes para a primeira-ministra será demonstrar que o processo no qual seu governo embarcará está aberto a considerar opções para proteger a relação da Escócia com a UE", disse.

Desafios de May

Theresa May é considerada por muitos uma nova "Dama de Ferro", que terá pela frente como desafio conduzir a saída do Reino Unido da União Europeia e unir seu partido conservador e um país profundamente divididos pelo Brexit.

A tarefa é gigantesca, mas Theresa May, segunda mulher a assumir o poder após Margaret Thatcher, acabou por se destacar como a única capaz de gerar consenso, provocando tranquilidade por sua competência e seriedade.

Apesar de ser eurocética por convicção, no início do ano decidiu se manter fiel ao primeiro-ministro David Cameron, que renunciou, e defender a permanência do país na União Europeia (UE).

Mas, se ela limitou-se a advogar pela causa o mínimo necessário, por outro lado continuou insistindo sobre a necessidade de reduzir a imigração, tema preferido entre os pró-Brexit, tornando-se alguém bem vista para ambos os grupos. (com as agências internacionais)