Erdogan diz que golpe foi planejado no exterior e que Ocidente apoia terror
O cenário da tentativa fracassada de golpe na Turquia "foi escrito a partir do estrangeiro", disse nesta terça-feira (2) o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, em discurso em Ancara durante o qual acusou o Ocidente de apoiar os golpistas.
"Este golpe de Estado não foi apenas um evento planejado a partir do interior. Os atores agiram no país de acordo com um script que tinha sido escrito a partir do estrangeiro", disse o chefe de Estado, acusando o pregador Fethullah Gulen, no exílio nos Estados Unidos, de ser o mentor do golpe.
"Infelizmente, o Ocidente está apoiando o terrorismo e a favor dos golpistas", acrescentou Erdogan. "Os que imaginamos nossos amigos estão a favor dos golpistas e dos terroristas."
Erdogan culpa seguidores do clérigo turco Fethullah Gulen pelo golpe malsucedido e prometeu livrar as instituições do Estado de sua influência. Gulen negou qualquer envolvimento.
O chefe de Estado turco também reagiu contra a decisão das autoridades alemãs que o proibiram de se dirigir através de um vídeo aos seus partidários reunidos em Colônia (oeste da Alemanha) durante uma manifestação de apoio a Ancara.
Erdogan criticou Berlim por permitir discursos por videoconferência de autoridades do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, rebeldes curdos), que combate o exército turco desde o fim do cessar-fogo, em julho de 2015.
O líder turco rejeitou as críticas dos europeus sobre as medidas tomadas após o golpe, sustentando que "o estado de emergência respeita os procedimentos europeus". "Olhem o que a França fez: três (meses) mais três, mais seis, declarou um ano de estado de emergência", disse.
A amplitude dos expurgos e as insinuações de que a pena de morte pode ser retomada despertaram preocupações nas capitais ocidentais e em grupos de direitos humanos. A confiança na estabilidade do país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é essencial na luta contra o Estado Islâmico liderada pelos Estados Unidos e para frear a imigração ilegal à Europa, também foi abalada.
A Turquia testemunhou uma tomada de poder violenta dos militares pela última vez em 1980. (Com as agências internacionais)
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