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Bernie Sanders condena afastamento de Dilma e pede ação do governo dos EUA

O senador Bernie Sanders foi o principal rival da candidata Hillary Clinton nas prévias do Partido Democrata dos Estados Unidos - Robyn Beck/AFP
O senador Bernie Sanders foi o principal rival da candidata Hillary Clinton nas prévias do Partido Democrata dos Estados Unidos Imagem: Robyn Beck/AFP

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

08/08/2016 21h21

Ex-rival de Hillary Clinton nas prévias do Partido Democrata dos Estados Unidos, o senador Bernie Sanders divulgou comunicado nesta segunda-feira (8) no qual condenou e pediu que o governo americano "tome uma posição definitiva contra os esforços para remover a presidente democraticamente eleita do Brasil", Dilma Rousseff. Ele defendeu ainda a realização de eleições presidenciais antecipadas para resolver a crise política brasileira.

Alvo de um processo de impeachment, a petista foi afastada pelo Senado brasileiro no dia 12 de maio. O julgamento definitivo de Dilma deve acontecer até o fim deste mês.

"Para muitos brasileiros e observadores, o controverso processo de impeachment mais se assemelha a um golpe de Estado", declarou o ex-pré-candidato, que ainda se disse "profundamente preocupado" na nota publicada em seu site oficial.

"Depois de suspender a primeira presidente mulher do Brasil por razões duvidosas, o novo governo interino, sem um mandato para governar, aboliu o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Eles imediatamente substituíram uma administração diversificada e representativa por um ministério composto inteiramente por homens brancos", descreveu Sanders.

O senador independente, conhecido por suas posições progressistas, afirmou ainda que a nova administração, "não eleita", rapidamente anunciou planos para impor austeridade, aumentar a privatização e instalar uma agenda social de direita.

Dilma - BBC - BBC
A presidente Dilma foi afastada do cargo em maio e aguarda decisão final sobre seu impeachment
Imagem: BBC

"O esforço para remover a presidente Rousseff não é um julgamento legal, mas político. Os Estados Unidos não podem sentar-se em silêncio enquanto as instituições democráticas de um dos nossos aliados mais importantes são minadas. Nós devemos dar suporte às famílias trabalhadoras do Brasil e exigir que esta disputa seja resolvida com eleições democráticas", conclui o senador.

Em entrevista à BBC Brasil na semana passada, a presidente afastada disse que é preciso "lutar" pela realização de um plebiscito que consulte a população sobre a necessidade de uma eleição presidencial antecipada. O próximo pleito está previsto para 2018.

Caso o Senado brasileiro decida pelo impeachment, o presidente em exercício, Michel Temer, que assumiu interinamente o cargo há quase três meses, cumprirá o resto do mandato.

Sempre que perguntado sobre o assunto, Temer tem repetido que o processo de impeachment é legítimo.

A reportagem tentou, mas não conseguiu entrar em contato as assessorias de imprensa de Dilma e da Presidência da República, na noite desta segunda.

Apoio de deputados

O apoio de Sanders à Dilma não foi o primeiro de membros do Congresso dos Estados Unidos. No mês passado, uma carta endereçada ao secretário de Estado americano, John Kerry, que esteve no Brasil na última semana para assistir à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, foi assinada por pelo menos 39 deputados (dos 435).

"Escrevemos para expressar nossa profunda preocupação com acontecimentos recentes no Brasil, que acreditamos ameaçar as instituições democráticas daquele país", diz um trecho do documento, que também pede que Kerry tenha a "máxima cautela" nos contatos com o governo interino de Temer e evite ações e declarações de apoio ao impeachment de Dilma.