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Rússia e EUA anunciam acordo de cessar-fogo na Síria

O chanceler russo, Sergei Lavrov (esq), o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura (centro) e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry (dir), encerram reunião a portas fechadas em Genebra, na Suíça - Fabrice Coffrini/AFP
O chanceler russo, Sergei Lavrov (esq), o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura (centro) e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry (dir), encerram reunião a portas fechadas em Genebra, na Suíça Imagem: Fabrice Coffrini/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/09/2016 20h24Atualizada em 10/09/2016 15h45

Estados Unidos e Rússia anunciaram neste sábado (data local) um acordo de cessar-fogo para a Síria que deve começar no início da próxima semana. O pacto prevê a paralisação total de todas as operações de combate, incluindo os bombardeios aéreos.

Por fim, o secretário de Estado dos EUA anunciou que foi decidido que, após um período de sete dias de respeito desta trégua, ambos países realizarão ataques coordenados contra posições dos grupos terroristas Frente Fateh al-Sham (antiga Frente Al Nusra) e "Estado Islâmico" (EI).

"Hoje, os Estados Unidos e a Rússia anunciam um plano que, esperamos, venha reduzir a violência, o sofrimento e facilite o caminho em direção à paz negociada e a uma transição política na Síria", afirmou Kerry.

O chefe da diplomacia americana afirmou também que os Estados Unidos acreditam que a Rússia tem a capacidade de pressionar o presidente sírio, Bashar al-Assad, para acabar com o conflito e sentar-se à mesa das negociações.

O cessar-fogo deve começar no anoitecer de segunda-feira, segundo Kerry, e coincidirá com a celebração islâmica do Eid al-Adha, a festa do sacrifício.

Por um lado, Kerry pleiteou que todos os grupos de oposição na Síria necessariamente devam aderir ao cessar-fogo, Por outro, ele acrescentou que o acordo também estipula que o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, "não executará missões aéreas de combate onde oposicionistas estão localizados", medida classificada de alicerce da cessação das hostilidades.

O chanceler russo, Sergey Lavrov, confirmou o acordo e destacou que o pacto contribuirá na luta contra o terrorismo e com a entrega de ajuda humanitária aos civis sírios.
Lavrov confirmou ainda que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, está disposto a cumprir o acordo.

Lavrov, disse que, apesar de desconfiança contínua, os dois lados criaram cinco documentos que permitirão a coordenação da luta contra o terrorismo e a retomada da trégua na Síria em uma melhor forma. "Isso tudo cria as condições necessárias para a retomada do processo político paralisado por um longo tempo", disse Lavrov em entrevista coletiva.

Ajuda humanitária

O acordo indica que, paralelamente, a ajuda humanitária deverá começar a entrar de forma regular em todas as cidades assediadas na Síria, o que junto com a redução da violência foi uma condição para que a oposição síria se reincorpore às negociações de paz chanceladas pela ONU.

Foi mencionado em particular o caso de Aleppo e o compromisso de que "todas as partes combatentes" terão que se retirar da estrada de Castello, uma das principais vias de acesso à cidade e em torno da qual será criada uma zona desmilitarizada, permitindo a retomada do tráfego de civis e a passagem de ajuda humanitária.

Sobre os acordos inéditos alcançados, Kerry disse que as forças governamentais não poderão realizar missões de combate em áreas onde os grupos de oposição estão, as quais foram identificadas com grande precisão.

Por sua vez, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, parabenizou o acerto e disse que se este for respeitado e a ajuda humanitária começar a chegar às áreas assediadas, as negociações políticas poderão ser retomadas.

"A ONU está pronta para entregar a ajuda e fazer todo o possível para apoiar a cessação das hostilidades", garantiu. (Com agências internacionais)