Como o atentado contra o chanceler russo pode afetar a relação entre Rússia e Turquia?
Rivais históricos, Rússia e Turquia já protagonizaram diversos episódios de tensão diplomática. O atentado contra o embaixador russo, Andrei Karlovneta, nesta segunda-feira (19) em Ancara, capital turca, aconteceu, no entanto, em um momento em que as nações estavam se aproximando.
Em lados opostos no conflito da Síria, os governos da Turquia e Rússia estavam colaborando, nos últimos dias, na operação de evacuação de civis da cidade de Aleppo, no norte da Síria.
Para os especialistas em relações internacionais ouvidos pelo UOL, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato sem relação com o governo. Contudo, se o assassinato do chanceler russo tivesse acontecido há seis meses, o cenário seria diferente.
"Essa rivalidade entre os países chegou ao ápice quando a Turquia derrubou um caça russo", analisa o professor de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília) Juliano da Silva Cortinhas.
Em 24 novembro de 2015, a aviação turca derrubou um avião militar russo perto da fronteira com a Síria. Segundo o governo da Turquia, o avião havia violado o seu espaço aéreo. Após o ataque, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ato era uma "punhalada pelas costas".
Em reação ao ataque, o governo russo decretou sanções econômicas contra a Turquia, como a proibição de empregar turcos em empresas russas e a interdição das importações de certas mercadorias.
Relação estava amistosa
Até o atentado desta segunda-feira, a tensão entre os países estava sob controle para os órgãos internacionais de segurança.
Segundo Cortinhas, a "amizade" entre as nações foi retomada em junho deste ano, após o governo da Turquia ter sofrido uma tentativa de golpe de Estado. "A Rússia se mostrou solidária ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan", explica o professor.
Com isso, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato terrorista.
"A Rússia não vai entrar em conflito aberto contra a Turquia nem deve romper relações diplomáticas", diz o professor de Relações Internacionais da USP, Feliciano Sá Guimarães.
De acordo com Guimarães, a preocupação principal do governo russo é ampliar o domínio do presidente sírio Bashar al-Assad sobre o território do país. Putin deverá manter seus esforços bélicos direcionados a esse propósito.
Ambos os professores também dizem que o acordo para a retirada de civis de Aleppo deverá ser mantido.
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