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"Garotas negras arrasam!" Grito simboliza legado de Michelle Obama nos EUA

Michelle faz discurso emocionado de despedida

AFP

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 04h00

Michelle Obama fez o que nenhuma primeira-dama dos EUA poderia ter feito. Disse, repetidas vezes: "Garotas negras arrasam! Nós arrasamos!", em um evento de um canal de TV voltado para a comunidade negra americana em 2015. A advogada casada com Barack Obama, mãe de Sasha e Malia, deixa uma mensagem muito mais poderosa do que os discursos que marcaram sua passagem pela Casa Branca.

"Michelle disse aos jovens desfavorecidos que eles têm o poder de alcançar o sucesso, mas que devem lutar por ele. E, quando triunfarem, devem ajudar os outros, assim como a própria Michelle", afirma Peter Slevin, autor de um dos principais livros sobre a vida da primeira-dama.

Slevin, que escreveu "Michelle Obama: A Life" (Michelle Obama: Uma Vida, em tradução livre, ainda não lançado no Brasil), afirma que Michelle é uma mulher forte, que cresceu em uma família de mulheres fortes. , e ela afirma que é justamente o apoio destas mulheres o responsável por muitos de seus valores e por seu sucesso.

"Como uma jovem afroamericana, ela foi muitas vezes subestimada. Quando as pessoas lhe disseram para reduzir suas expectativas, Michelle trabalhou ainda mais e se formou em Princeton e em Harvard. Como uma jovem profissional em Chicago, ela reconheceu que as mulheres têm salários muitos menores para fazer o mesmo trabalho de um homem, e elas sentiram a pressão de equilibrar suas famílias e suas vidas de trabalho", diz Slevin em entrevista ao UOL.

"Na Casa Branca, uma de suas iniciativas mais sinceras foi ajudar as meninas em desvantagem --especialmente meninas negras-- a permanecer na escola e frequentar a faculdade. Ela dizia muitas vezes que se via nas histórias delas."

Na opinião de Slevin, professor universitário da Northwestern University e ex-jornalista do "Washington Post", Michelle será lembrada por seu humor. "Ela sempre diz que se você pode fazer as pessoas rirem, você pode fazê-las ouvir --sua paixão, disciplina e seu senso de certo e errado", afirma o escritor.

Ele lembra que, apesar de seus últimos discursos terem marcado sua passagem pela Casa Branca, como o que ela citou o fato de a residência presidencial em que ela vivia ter sido construída por escravos negros, esta não é a primeira vez que Michelle falou firmemente em público.

"Durante a campanha presidencial de 2008, Michelle fez poderosos discursos sobre a necessidade de mudança política e social nos EUA. Mas ela enfrentou críticas agudas que preocuparam os estrategistas políticos de seu marido. Ela temia estar prejudicando as chances de ele ser eleito --e, na Casa Branca, ser reeleito. E ela mudou de tom", analisa Slevin.

"No segundo mandato, Michelle sentiu-se livre para falar mais abertamente. Disse que o país tem visto progressos significativos em questões de raça e gênero, mas também tem um longo caminho a percorrer antes de todos os cidadãos terem as mesmas oportunidades."

Slevin ressalta que quando Donald Trump ganhou a indicação republicana, Michelle falou fortemente contra ele durante a campanha de Hillary Clinton, dizendo que ele fez campanha com base em preconceito, medos e mentiras.

"Ela ficou horrorizada com Trump e com o modo como ele prometeu destruir tudo o que os Obama conseguiram para o país", afirma o autor do livro.

Mulher de Trump é acusada de plagiar discurso de Michelle Obama

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Questionado sobre o que espera da próxima primeira-dama, a eslovena Melania Trump, Slevin ressalta que a mulher de Trump permanece um mistério para quase todo mundo.

"Ela não desempenhou quase nenhum papel na campanha do marido e raramente apareceu em público desde a sua vitória. Há sugestões de que Ivanka, a filha do presidente, que está se mudando para Washington, pode ser a mulher mais proeminente da Casa Branca."