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Morre ex-secretária do nazista Goebbels aos 106 anos

Brunhilde Pomsel morreu no último dia 27, Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto, no asilo de idosos em Munique, na Alemanha, onde vivia - Matthias Balk/dpa via AP
Brunhilde Pomsel morreu no último dia 27, Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto, no asilo de idosos em Munique, na Alemanha, onde vivia Imagem: Matthias Balk/dpa via AP

Do UOL, em São Paulo

30/01/2017 08h53

Brunhilde Pomsel – ex-secretária pessoal e estenógrafa de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler – morreu aos 106 anos.

Pomsel morreu na última sexta-feira (27) na casa de repouso em que vivia em Munique, no sul da Alemanha, confirmou o cineasta Christian Krönes. Ao lado de outros três diretores, Krönes produziu um documentário sobre a centenária, intitulado Ein deutsches Leben (Uma vida alemã) e lançado no ano passado.

Pomsel filiou-se ao Partida Nazista em 1933, o ano de sua chegada ao poder na Alemanha. "Por que não? Todo o mundo fazia isto", justificou ela em entrevista no documentário.

Em 1942, a secretária conseguiu uma transferência para o escritório de Goebbels como uma de suas seis assistentes.

Pomsel trabalhou como secretária, taquígrafa e datilógrafa do ministro da Propaganda, a quem lembrou no documentário como uma pessoa carismática e incrivelmente vaidosa, que cuidava de cada detalhe de sua aparência.

No filme, Pomsel relata, como uma das últimas testemunhas vivas do círculo de comando do regime nazista, sobre seu trabalho para Goebbels. Ela atuou de 1942 até o fim da Segunda Guerra Mundial no Ministério da Propaganda. A então secretária vivenciou o fim do conflito no bunker de Hitler, em Berlim, onde permaneceu até o suicídio do chanceler, em 30 de abril de 1945.

Até seus últimos anos de vida, Pomsel classificou seu próprio papel no regime nazista como insignificante e disse que, apesar de seu cargo, não tinha conhecimento sobre o extermínio de judeus.

"Não sabíamos de nada", relatou no documentário. "Éramos nós mesmos um grande campo de concentração." Ela disse que era "covarde" e, por isso, não foi capaz de impor resistência ao regime.

Após o fim da guerra, Pomsel passou cinco anos numa prisão soviética e depois trabalhou como secretária da emissora pública alemã ARD.

Ela viveu a maior parte de sua vida na obscuridade, até que um jornal alemão publicou uma entrevista com ela em 2011, desencadeando uma onda de interesse por uma das últimas sobreviventes do círculo do comando nazista.

Até o momento, o documentário que tem Pomsel como protagonista foi exibido apenas em festivais. Ein deutsches Leben chega aos cinemas alemães em abril deste ano.

Segundo Krönes, que teve contato com a centenária pela última vez no aniversário dela, em 11 de janeiro, Pomsel foi "uma observadora política aguçada" até o fim da vida. Diante do crescente nacionalismo na Europa, da ascensão do populismo de direita mundo afora e da eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, ela teria classificado suas vivências como um "alerta às gerações atual e futura". (Com as agências internacionais)