Separação da UE e Trump viram tema durante votação nas eleições da Holanda
O líder da extrema-direita holandesa, Geert Wilders, votou nesta quarta-feira (15), em um colégio de Haia, nas eleições legislativas da Holanda, com a promessa que, se for vencedor, convocará um referendo contra a União Europeia (UE).
"Se eu vencer, haverá o referendo (contra a UE), porque demos nosso dinheiro aos países estrangeiros. Vamos recuperar a Holanda para os holandeses", disse o líder do Partido da Liberdade (PVV).
Já o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, pediu ao depositar seu voto em Haia, que os holandeses "criem um precedente" e que freiem a "onda de populismo" após o triunfo do "Brexit" e de Donald Trump, nos Estados Unidos.
"Devemos frear a onda de populismo, porque estas eleições são realizadas sob a pressão da vitória de Trump nos EUA e o 'Brexit", disse o político liberal.
"Devemos criar um precedente. O mundo está nos observando", afirmou, em referência as outras eleições na Europa previstas para este ano, na França e Alemanha.
De acordo com as últimas pesquisas, o Partido Popular pela Liberdade e a Democracia (VVD) do primeiro-ministro Mark Rutte obteria entre 24 e 28 cadeiras no Parlamento, enquanto o Partido pela Liberdade (PVV) do extremista Geert Wilders deve garantir entre 19 e 22 deputados.
Depois do Brexit no Reino Unido e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, as eleições holandesas são consideradas um indício do que pode acontecer nas presidenciais da França, em abril e maio, e nas legislativas da Alemanha, no fim do ano.
Muitos dos 12,9 milhões de eleitores permaneciam indecisos na véspera da eleição, dominada pelo confronto entre Mark Rutte e Geert Wilders.
Campanha
Durante a campanha, Wilders prometeu fechar as fronteiras aos imigrantes muçulmanos, proibir a venta do Corão e acabar com as mesquitas.
Rutte se concentrou em destacar as conquistas econômicas e a estabilidade do país em seus seis anos como primeiro-ministro. Sua posição durante a crise diplomática com a Turquia parece ter fortalecido sua imagem.
Rutte permaneceu firme diante das ameaças do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, depois que o governo proibiu que dois ministros da Turquia fizessem campanha em Roterdã entre a comunidade turca a favor do referendo de abril que reforça os poderes presidenciais.
Mesmo no caso do PVV ser o partido mais votado, Wilders teria poucas possibilidades de entrar no governo porque a maioria dos partidos descartou uma negociação com ele.
Apesar da postura radical de Wilders ter recebido apoio após a crise dos refugiados, para muitos holandeses suas ideias contrárias à imigração continuam sendo difíceis de aceitar.
Se Wilders conseguir incluir seu partido como um dos principais no cenário político, no entanto, será difícil de ignorá-lo.
Votação
Os colégios eleitorais na Holanda abriram nesta quarta-feira suas portas às 7h30 (horário local, 3h30 de Brasília) para dar início as decisivas eleições parlamentares, onde 12,6 milhões de cidadãos elegerão o futuro governo.
Os mais de 10 mil centros de votação em todo o país permanecerão abertos até às 21h (horário local, 17h de Brasília), quando terá início a apuração.
Espera-se que ao longo do dia pesquisas de boca de urna sejam divulgadas e em torno de meia hora após o fechamento dos colégios, haverá um anúncio dos resultados provisórios.
O medo de uma possível influência das eleições por hackers russos, forçou o governo holandês a evitar que os computadores sejam conectados à rede e vai realizar uma apuração manual dos votos.
Com isso, o anúncio definitivo vai atrasar em comparação as outras eleições, mas mesmo assim o resultado deve ser divulgado ainda no dia de hoje.
Neste pleito participam 28 partidos políticos de diferentes ideologias, embora apenas os 13 primeiros receberão um número significativo de votos.
O Partido da Liberdade (PVV), do ultradireitista Geert Wilders, ao lado do Partido Popular da Liberdade e Democracia (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, concorrem as eleições como os maiores grupos nas pesquisas de intenções de voto.
Atrás estão Democratas 66 (D66), GroenLinks, Partido do Trabalho (PdvA) e Apelo Democrata-Cristão (CDA).
O parlamento holandês tem 150 deputados e, para governar, é necessário, no mínimo, 76 cadeiras.
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