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Imigração é privilégio, e não um direito, diz Trump ao lado de Angela Merkel

Jim Bourg/Reuters
Imagem: Jim Bourg/Reuters

Do UOL, em São Paulo

17/03/2017 15h31Atualizada em 17/03/2017 16h38

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (17) que a imigração "é um privilégio, e não um direito", e que a "segurança dos cidadãos deve vir em primeiro lugar". A declaração foi feita ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, que manteve um tom mais apaziguador em suas declarações, enquanto demonstrava desconforto ao lado de Trump.

Trump referia-se ao seu mais recente decreto anti-imigração, que foi bloqueado pela Justiça. Ele tenta impedir a entrada no país de refugiados e cidadãos de seis países de maioria muçulmana. Merkel, que enfrenta mais uma reeleição neste ano, permitiu a entrada de milhões de refugiados na Alemanha e saiu em defesa da globalização e das políticas de acolhimento a solicitantes de refúgio em seu encontro com Trump.

Apesar do clima de cordialidade em frente às câmeras, a entrevista coletiva de imprensa evidenciou as discordâncias entre os líderes das duas maiores potências do mundo ocidental

Merkel, que já tinha passado por um momento constrangedor ao lado de Trump minutos antes, em que ele desconversou sobre a apertar a sua mão, disse que é "sempre melhor falar um com o outro, e não sobre o outro". No fim da entrevista coletiva, eles apertaram as mãos por poucos segundos.

A chanceler alemã afirmou que ambos discutiram opiniões sobre questões imigratórias e refugiados. "Temos de proteger as nossas fronteiras externas, trabalhar com base nos interesses mútuos que temos com os nossos vizinhos. Imigração e integração devem ser trabalhados, mas isso deve ser feito olhando para os refugiados também, dando a eles oportunidades de construir suas vidas onde eles estão, ajudar países que agora não são capazes de ajudá-los. E trocamos opiniões sobre isso."

Merkel também reconheceu que a Alemanha tem "muito" que agradecer aos Estados Unidos e mencionou, entre outras coisas, a reunificação alemã e o plano Marshall após a Segunda Guerra.

Trump disse que reiterou seu "forte apoio à Otan" durante a conversa com a chanceler, mas ressaltou que é necessário que todos os países-membros da aliança militar "paguem sua parte justa". "Muitas nações devem vastas quantidades de dinheiro [à Otan], e é muito injusto para os EUA. Estas nações devem pagar o que devem", disse Trump.

O presidente afirmou ainda que agradeceu "pelo compromisso do governo alemão de aumentar os gastos com defesa e trabalhar para contribuir com pelo menos 2% do PIB" para a Otan.

"Temos algo em comum"

Questionado sobre as acusações --até agora sem provas-- de que o ex-presidente Barack Obama teria permitido escutas ilegais na Casa Branca, Trump aproveitou para fazer uma piada: "Pelo menos, parece que temos algo em comum", disse ele para a chanceler alemã, recordando --sem citar explicitamente-- os grampos denunciados por Edward Snowden que eram realizados pela CIA contra líderes do mundo todo, incluindo Merkel.

Trump afirmou que, além da Otan, questões econômicas também foram discutidas. Segundo ele, a Alemanha tem sido uma boa parceira comercial para os EUA . Merkel fez questão de ressaltar que a Alemanha não tem qualquer acordo comercial com os EUA, já que é uma integrante da UE.

Segundo Trump, ele disse não acreditar em "políticas isolacionista", mas que defende políticas comerciais justas e que os EUA vêm sendo tratados de forma injusta nos últimos anos. "Não sou um isolacionista, sou a favor de negociações livres, de negociações justas."

 "Não sei que tipo de jornal você lê, mas essa história de eu ser 'isolacionista' é uma 'fake news'", disse o republicano a uma jornalista alemã, citando o termo "notícia falsa", que virou bordão de seus apoiadores para rebater a imprensa. (com agências internacionais)