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Após encontro com Putin, Tillerson admite 'baixo nível de confiança' entre Rússia e EUA

12.abr.2017 - O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (esq) e o chanceler russo, Sergei Lavrov, dão entrevista conjunta após conversas em Moscou, na Rússia - Ivan Sekretarev/AP
12.abr.2017 - O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (esq) e o chanceler russo, Sergei Lavrov, dão entrevista conjunta após conversas em Moscou, na Rússia Imagem: Ivan Sekretarev/AP

Do UOL, em São Paulo

12/04/2017 15h41

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, admitiu nesta quarta-feira (12), ao lado do chanceler russo, Sergei Lavrov, que a relação entre os dois países está em um "baixo nível de confiança" após o imbróglio envolvendo as posições opostas de EUA e Rússia na guerra da Síria.

Tillerson e Lavrov falaram à imprensa após uma reunião de duas horas com o presidente russo, Vladimir Putin, um diálogo que ambos classificaram como "franco". As conversas tentam esfriar as tensões depois que os dois países iniciaram uma troca de acusações envolvendo o suposto ataque químico do regime sírio na semana passada.

"Há um baixo nível de confiança entre nossos dois países. As duas maiores potências nucleares não podem ter este tipo de relação", afirmou Tillerson, que disse ter feito essa análise diante de Putin. O tom de Tillerson é semelhante ao do próprio Putin, que mais cedo afirmou que as relações entre Rússia e EUA atingiram "o nível mais baixo desde o fim da Guerra Fria".

Após a reunião desta quarta-feira, ambos os países concordaram que é preciso haver uma investigação internacional sobre o ataque químico em Idlib --os EUA atacaram uma base aérea síria na semana passada em retaliação ao ataque, mas a Rússia, que apoia o regime de Assad, diz não haver provas do uso das armas por parte do governo sírio.

Mesmo assim, os dois países mantiveram suas posições no que diz respeito a Assad e ao ataque químico, com Tillerson afirmando que os EUA têm provas de culpa do regime Assad, enquanto o chanceler russo continuou exigindo que uma investigação internacional corrobore as acusações americanas.

Segundo Tillerson, Assad "não pode, absolutamente, governar a Síria e sua remoção do poder deve ser feita de maneira estruturada e organizada". O norte-americano ainda acusou o ditador sírio de "fazer ataques químicos mais de 50 vezes nos últimos anos" e afirmou que os avanços feitos através do intermédio do representante da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, "são frágeis progressos que estão em grave perigo".   

Lavrov afirmou que seu país "não manda em Assad" e disse que as discussões de paz para o conflito do país não devem girar em torno da presença ou retirada de uma determinada figura política.

Melhora nas relações bilaterais

Os líderes se comprometeram, no entanto, a melhorar as relações entre EUA e Rússia. "Estamos bem dispostos a resolver as divergências para melhorar as nossas relações. Estamos de acordo em ter representantes especiais de nosso governo para um debate sobre os fatores de problemas que poderão melhorar nossa situação", destacou Lavrov.   

Durante as conversas, o presidente russo, Vladimir Putin, foi ao encontro de Tillerson, informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que não revelou o conteúdo da conversa.