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Trump ameaça ex-diretor do FBI e diz que ele pode 'vazar' conversas entre os dois

Jim Lo Scalzo e Gary Cameron/ Reuters
Imagem: Jim Lo Scalzo e Gary Cameron/ Reuters

Do UOL, em São Paulo

12/05/2017 09h56

Donald Trump ameaçou o ex-diretor do FBI James Comey, demitido pelo presidente norte-americano na última terça-feira (9), e insinuou que ele poderia vazar à imprensa conversas que ambos tiveram depois da posse do republicano, em janeiro.

"James Comey que torça para que não exista 'fitas' de nossas conversas, antes que ele comece a vazá-las à imprensa", escreveu Trump no Twitter na manhã desta sexta (12).

Segundo a imprensa americana, um dos motivos para a demissão de Comey, que era o responsável por conduzir as investigações de uma suposta aliança entre a Rússia e a campanha de Donald Trump nas eleições de 2016, seria a impressão de Trump de que o ex-diretor não priorizava a apuração de supostos vazamentos do FBI à imprensa sobre a investigação, uma cobrança da Casa Branca. Em vez disso, Comey chamava muito mais atenção para o inquérito em si, enfurecendo Trump.

Comey tem sido duramente criticado pelo presidente e sua equipe após a demissão. Ao mesmo tempo, políticos democratas e até republicanos, além de parte da opinião pública, condenaram a dispensa por considerarem que isso pode significar que Trump está interferindo na investigação.

Trump alega que o ex-diretor do FBI lhe disse três vezes que ele não está sendo pessoalmente investigado, e utiliza dessa alegação para justificar que não o demitiu em benefício próprio. O presidente, no entanto, admitiu que tinha em mente a questão da Rússia quando tomou a decisão de destituir Comey. "De fato, quando me decidi, disse a mim mesmo: 'Este assunto com a Rússia, Trump e Rússia, é uma história inventada'", disse o presidente em entrevista à NBC News.

Comey fica em silêncio

O ex-diretor do FBI não se manifestou publicamente após a dispensa. Suas únicas palavras foram uma carta de despedida enviada a funcionários da agência, divulgada pela imprensa, em agradecimento. Nela, Comey disse que sempre acreditou que "um presidente pode demitir o diretor do FBI por qualquer motivo, ou por motivo nenhum". "Não gastarei meu tempo falando sobre como a decisão foi tomada e espero que vocês também não façam isso. Foi decidido, e eu ficarei bem", escreveu.

Já o diretor interino do FBI, Andrew McCabe, participou de uma audiência no Senado na quinta e disse que a investigação sobre os laços da Rússia com a campanha de Trump continuará normalmente, ressaltando que não houve interferência da Casa Branca na apuração.

Ele, no entanto, disse ter Comey "na mais alta estima", afirmando que o ex-chefe era muito querido no FBI, contradizendo a versão da Casa Branca de que Comey "havia perdido a confiança" de seus subordinados.