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Promotor especial para o caso russo investiga Trump por obstrução da Justiça, diz jornal

Patrick Semansky/AP
Imagem: Patrick Semansky/AP

Do UOL, em São Paulo

14/06/2017 19h37Atualizada em 14/06/2017 21h30

O promotor especial que supervisiona a investigação sobre o papel da Rússia na eleição de 2016 está entrevistando altos funcionários de inteligência como parte de uma apuração sobre a possibilidade de o presidente Donald Trump ter tentado obstruir a Justiça, segundo afirma o jornal "Washington Post" nesta quarta-feira (14).

A investigação sobre a suspeita de obstrução de Justiça teria sido iniciada dias após Trump demitir o ex-diretor do FBI James Comey, segundo pessoas ouvidas pelo jornal. O ex-diretor do FBI disse ao Congresso na semana passada que ele acredita que foi demitido por Trump para minar a investigação da agência sobre a Rússia.

A decisão do promotor especial Robert Mueller de investigar a conduta de Trump é uma mudança importante no foco da investigação do FBI, que até agora se concentrava somente na influência da Rússia durante a campanha presidencial e sobre a possível exigência de laços entre a campanha de Trump e o Kremlin. Investigadores agora buscam qualquer evidência de possíveis crimes financeiros entre pessoas ligadas a Trump, disseram fontes ao jornal sob anonimato.

O jornal ouviu cinco pessoas que acompanharam os pedidos de Mueller, e afirmam que Daniel Coats, o atual diretor da Inteligência Nacional, Dan Coats, e Mike Rogers, que comanda a NSA, a Agência de Segurança Nacional, aceitaram conversar com investigadores do promotor especial. Há relatos de que outras pessoas teriam sido entrevistadas durante a investigação.

Ainda não está claro se as pessoas que serão entrevistadas por Mueller invocarão do privilégio executivo e se manterão em silêncio, já que são pessoas próximas do presidente.

A Casa Branca não comenta qualquer referência ao caso russo, e encaminha todas as questões para o advogado pessoal de Trump, Marc Kasowitz. O porta-voz da defesa de Trump, Mark Corallo, disse que o vazamento de informações do FBI sobre o presidente é ultrajante, indesculpável e ilegal.

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O jornal afirma que Trump telefonou para Coats e Rogers separadamente e pediu que os dois fizessem declarações públicas negando a existência de qualquer evidência de coordenação entre a campanha republicana e o governo russo --pedido semelhante foi feito ao ex-diretor do FBI, segundo o seu testemunho para o Senado. Coats e Rogers teriam se recusado a atender o pedido de Trump, diz o jornal.

A informação foi publicada pela imprensa americana dias após circularem histórias de que Trump teria planos de demitir Mueller. A Casa Branca negou: "Ainda que o presidente tenha direito de fazê-lo, não tem intenção", assegurou à imprensa a porta-voz adjunta da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders.

Ao lado de corrupção e traição, obstrução de Justiça é um dos crimes que podem motivar a abertura de um processo de impeachment, algo que só aconteceu com dois presidentes: Andrew Johnson (1868) e Bill Clinton (1998), ambos absolvidos - Richard Nixon renunciou em 1974, evitando um afastamento iminente por causa do escândalo "Watergate".   

O processo precisa ser aprovado pela Câmara dos Representantes, por maioria simples (218 de 435 deputados), antes de seguir para o Senado, onde a destituição necessitaria do apoio de pelo menos 67 dos 100 membros da Casa. (Com agências internacionais)