Sobe para 17 o número de mortos em incêndio em prédio residencial de Londres
A Polícia Metropolitana de Londres afirmou nesta quinta-feira que foram encontrados 17 mortos no no incêndio ocorrido em um edifício residencial na zona oeste da capital do Reino Unido, na madrugada de quarta-feira (15). O número, que estava em 12 até ontem, pode subir à medida que os bombeiros continuam a vistoriar o local.
Trinta e sete pessoas continuam hospitalizadas, 17 delas em estado grave, e o Corpo de Bombeiros informou que não espera encontrar mais nenhum sobrevivente no edifício.
A tragédia aconteceu no edifício Grenfell Tower, um imóvel de 24 andares e 120 apartamentos, onde viviam entre 400 e 600 pessoas. O prédio fica em North Kensington, próximo a Notting Hill.
A polícia britânica usa cachorros para farejar e encontrar as vítimas, e a expectativa é que as buscas durem semanas. Para manter a segurança dos bombeiros, será montada uma estrutura temporária dentro do prédio, que teve sua base seriamente danificada.
O comandante Stuart Cundy, que lidera a operação policial, descartou que o incidente esteja relacionado com o terrorismo e disse que "não há nada" que indique esta hipótese.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, que prometeu a realização de "uma investigação adequada" sobre o trágico incidente, visitou hoje o local do incêndio, onde conversou com efetivos dos serviços de emergência.
Empresa que geria o prédio é acusada de negligência
As causas do incêndio, que teve início na noite de terça-feira, são desconhecidas, mas os moradores já criticavam a má gestão da empresa que administrava o prédio.
"Quase 90% dos residentes assinaram no fim de 2015 uma petição que reclamava da má gestão da empresa responsável pela manutenção do edifício. O administrador me ameaçou pessoalmente", disse David Collins, presidente da associação de moradores da torre até outubro do ano passado.
"Escutei que alguns alarmes de incêndio não funcionaram, não me surpreende. Estou consternado, mortificado, mas não surpreso", completou à AFP.
David Collins também apontou a responsabilidade do governo do bairro de Kensington e Chelsea.
"Informamos nossas preocupações e pedimos uma investigação independente, mas não nos ouviram", lamentou.
De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio.
"Ninguém quis levar em consideração nossas advertências, uma catástrofe como esta era inevitável", publicou em seu blog o Grupo de Ação de Grenfell após a tragédia.
De acordo com vários moradores, os trabalhos de reforma do ano passado podem ter favorecido a propagação do fogo, extremamente rápida.
O organismo público KCTMO (Kensington & Chelsea Tennant Management Organisation), que administra o prédio, reconheceu em um comunicado "estar ciente das preocupações de longa data dos moradores". "É cedo para especular as causas do incêndio", acrescenta.
Uma reforma, no valor de 8,6 milhões de libras (12 milhões de dólares), terminou em maio de 2016. A empresa Rydon, encarregada da obra, assegurou que a reforma "respondeu a todas as exigências em questão de normas de incêndio, de segurança e de construção".
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, declarou que os testemunhos provocam "perguntas que aguardam respostas", enquanto o líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn estimou que as medidas de austeridade do governo conservador tinham sua parcela de culpa: "Se você retira das autoridades locais os financiamentos que necessita, este é o preço a pagar".
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