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Sean Spicer renuncia ao cargo de porta-voz da Casa Branca

Sean Spicer arruma a bandeira americana ao ser avisado de que ela estaria na posição contrária - AP Photo/Andrew Harnik
Sean Spicer arruma a bandeira americana ao ser avisado de que ela estaria na posição contrária Imagem: AP Photo/Andrew Harnik

Do UOL, em São Paulo

21/07/2017 13h18

Sean Spicer, o porta-voz da Casa Branca, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (21).

Spicer decidiu deixar o cargo após o presidente Donald Trump ter chamado Anthony Scaramucci, um apoiador do republicano de longa da data, como diretor de comunicação da Casa Branca. Segundo o jornal "The New York Times", Spicer e outros funcionários do alto escalão eram contrários a escolha de Scaramucci.

Sarah Huckabee Sanders, que era porta-voz adjunta, assume no lugar de Spicer.

Scaramucci deve exercer um papel de maior visibilidade como defensor de Trump na televisão. No entanto, Spicer e outros funcionários questionavam sua contratação como diretor de comunicação antes de Trump resolver questões sobre o sistema tributário e outras políticas. Uma das autoridades disse que Spicer se opôs à visão de Trump para a futura abordagem com a imprensa.

Spicer passou vários anos liderando a equipe de comunicação do Comitê National Republicano antes de ajudar na campanha de Trump nas eleições presidenciais de 2016. Ele é próximo ao chefe de equipe da Casa Branca, Reince Priebus, e vários outros funcionários de menor escalão. Spicer, de 45 anos, se tornou uma figura notória pelo espírito agressivo com que defendeu as decisões do governo.

Os encontros diários de Spicer com a imprensa tinham se tornados uma sensação na televisão americana até poucas semanas atrás. Recentemente, Spicer estava menos presente e era substituído por Sarah Huckabee, que tornou os encontros em um evento sem a presença de câmeras.

O agora ex-porta-voz ficou marcado pelas gafes que cometeu no período que esteve à frente do cargo.

Uma das gafes gerou um pedido público de desculpas e a "decepção" do mandatário republicano.

Ao falar sobre o ataque químico, supostamente, cometido pelo presidente sírio Bashar al-Assad, Spicer afirmou que "nem mesmo uma pessoa desprezível como Hitler desceu ao nível de usar armas químicas", esquecendo-se das milhões de mortes provocadas pelos nazistas nos campos de concentração.

Spicer comete gafe com referência a Hitler

AFP

A polêmica foi tamanha que várias organizações e parlamentares norte-americanos chegaram a pedir a demissão de Spicer. Mas, essa não foi a primeira vez que o porta-voz cometeu gafes.

Uma das primeiras ocorreu, justamente, com relação ao nazismo. Durante um pronunciamento de Trump durante o Dia da Memória das Vítimas do Holocausto, lembrado no dia 27 de janeiro, o mandatário foi muito criticado por ter feito um discurso sem citar as palavras "judeus" ou "antissemitismo".

Ao ser questionado por jornalistas sobre o texto, que também passa por suas mãos antes de ir ao público, Spicer disse que as críticas eram "patéticas" e que não havia nenhum erro no discurso.

Também no início do mandato - e embarcando na "campanha" de Trump contra os veículos de imprensa norte-americanos - Spicer afirmou que a posse do mandatário era a "maior de todos os tempos", mesmo com dados oficiais apontando o caminho contrário.

Ao ser perguntado sobre o tema, o então porta-voz deu uma resposta ainda pior, dizendo que "às vezes, nós podemos não concordar com os fatos". A situação foi ironizada nas redes sociais, onde os usuários criaram os "Spicer Facts" para todas as notícias que eram ampliadas ou inventadas.

Também nas mídias sociais, o então secretário de imprensa do governo cometeu outra gafe: ele retuitou o perfil satírico de notícias "The Onion", que havia postado que o trabalho de Spicer no novo governo "será o de abastecer o público norte-americano com desinformação robusta e claramente articulada".

Mostrando desconhecimento de quem era o perfil, ele escreveu o comentário "acertou em cheio" com o link da matéria. Os usuários do Twitter ironizaram, mais uma vez, o porta-voz.