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Americana pega 2,5 anos de prisão por incitar suicídio do namorado

Michelle Carter chora ao ser condenada por incentivar o suicídio do ex-namorado - Glenn C.Silva/Fairhaven Neighborhood News, Pool
Michelle Carter chora ao ser condenada por incentivar o suicídio do ex-namorado Imagem: Glenn C.Silva/Fairhaven Neighborhood News, Pool

03/08/2017 16h35

A americana Michelle Carter, 20, foi sentenciada nesta quinta-feira (3) a uma pena de dois anos e meio de prisão por homicídio involuntário, após ter sido acusada de ter incitado o namorado, Conrad Roy, a cometer suicídio.

O juiz Lawrence Moniz informou a Michelle Carter na Casa de Correção do Condado de Bristol que, após 15 meses na prisão, o saldo de sua sentença seria suspenso até 1º de agosto de 2022 em período probatório.

Moniz disse que foi importante equilibrar punição e reabilitação pelo papel de Carter na morte do namorado.

Roy foi encontrado em 13 de julho de 2014, dentro de sua camionete, no estacionamento de uma loja de departamento, morto após inalar monóxido de carbono.

Entre os fatores que corroboraram sua condenação foi o fato de Carter ter conversado com Roy ao telefone por mais de 40 minutos enquanto ele cometia o suicídio.

Além disso, Roy chegou a sair de sua caminhonete, já contaminada por monóxido de carbono, dizendo que estava com medo, mas Carter instruiu o namorado a voltar para dentro do veículo.

Carter não chamou a polícia nem avisou os familiares de Roy sobre o suicídio.

Julgamento

Durante duas semanas de julgamento, acusação e defesa discutiram as centenas de mensagens de texto trocadas entre Carter, que na época tinha 17 anos, e Roy, 18, nos dias que antecederam sua morte, em 12 de julho de 2014.

Nessas mensagens, o casal conversava em detalhes sobre os planos de Roy de cometer suicídio.

"Você finalmente vai ser feliz no paraíso. Sem mais dor. Sem mais pensamentos ruins e preocupações. Você será livre", escreveu Carter em mensagem enviada a Roy.

"Você simplesmente tem que fazê-lo", disse ela em pelo menos quatro mensagens.

Segundo a acusação, Carter convenceu e pressionou Roy a cometer suicídio, pesquisou e o orientou sobre os métodos mais eficazes e repreendeu o namorado nas vezes em que ele adiou o ato.

"Então parece que você não vai fazer; tudo isso para nada. Eu só estou confusa, porque você estava tão pronto e determinado", disse Carter em uma mensagem enviada a Roy horas antes de ele cometer suicídio.

Quando o namorado diz que vai agir eventualmente, ela responde: "Você está apenas tornando as coisas mais difíceis para você mesmo adiando, você simplesmente tem que fazê-lo".

A promotora Maryclare Flynn disse que Carter manipulou Roy, e que ela queria atrair atenção como "a namorada de luto".

Após a morte do namorado, Carter postou mensagens lamentando sua perda em redes sociais e arrecadou dinheiro em seu nome para conscientização sobre saúde mental.

A defesa alegava que Carter não causou a morte do namorado e não estava presente fisicamente quando Roy morreu.

Segundo o advogado de defesa, Joseph Cataldo, Roy sofria de depressão e já pensava em suicídio antes do envolvimento de Carter. O jovem já havia tentado suicídio anteriormente. (Com a BBC)