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Agredido no Rio, refugiado sírio diz não sentir medo: "Espero paz para viver"

Do UOL, no Rio

04/08/2017 09h07Atualizada em 04/08/2017 13h23

O refugiado sírio Mohamed Ali, vítima de preconceito e agressão nesta quinta em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, agradeceu, nesta sexta-feira (4), o apoio que tem recebido de brasileiros e estrangeiros após o episódio de violência. Ele afirmou que "não está com medo" porque se sente parte de uma "grande família".

"Agora eu sinto [que] estou vivendo em família, uma grande família. Quando perdemos o rumo, de repente você acha milhões de pessoas te dando a mão. Isso é uma coisa que enche meu coração de amor por todos", declarou ele, em publicação feita em português em sua página no Facebook.

"Sei que os brasileiros são muito amáveis, mas nunca poderia imaginar o quanto", completou Ali. "Quando a chuva cai, você não deve ficar totalmente temeroso porque a chuva faz com que as flores cresçam. Eu espero paz para viver."

O refugiado foi abordado pelos agressores enquanto vendia esfihas na esquina entre a rua Santa Clara e a avenida Nossa Senhora de Copacabana. A cena, filmada por testemunhas que passavam pelo local, gerou grande repercussão nas redes sociais.

As imagens mostram um homem armado com dois pedaços de madeira atacando verbalmente o sírio. A discussão teria começado por causa do ponto de venda. O agressor grita: "Saia do meu país!". "Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis", diz o homem. "Vamos expulsar ele!".

No começo do vídeo, Ali aparece recolhendo sua mercadoria, que tinha sido jogada não chão antes de as imagens registrarem a agressão. O jovem aparenta estar envergonhado por toda a situação ocorrida.

O refugiado afirmou que está no Brasil há três anos. "Vim pro Brasil porque abriram as portas para todos os refugiados. Todos os meus amigos estão trabalhando. Estamos trabalhando arduamente. Estou muito sentido porque nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo", disse o comerciante.

"Não me coloquei nessa situação porque a guerra me fez vir para cá. Vim com amor, porque os amigos sempre diziam que o Brasil aceita outras culturas e religiões e as pessoas são amáveis, e todos os refugiados procuram paz. Não sou terrorista", defendeu-se. "Moro no Brasil e aqui já é minha pátria. Espero que não aconteça com mais ninguém, de nenhuma nacionalidade."