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Trump recusa diálogo com Maduro e não descarta opção militar contra Venezuela

JIM WATSON/AFP
Imagem: JIM WATSON/AFP

Do UOL, em São Paulo

11/08/2017 19h13Atualizada em 12/08/2017 07h28

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11) que não descarta a opção militar contra o governo de Nicolas Maduro na Venezuela. "Temos muitas opções para a Venezuela, inclusive a opção militar se necessário", afirmou Trump.

"Temos tropas no mundo todo, em lugares que estão muito longe. A Venezuela não está muito longe. E as pessoas estão sofrendo e estão morrendo", disse Trump em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey, onde passa suas férias, após reunir-se com o secretário de Estado, Rex Tillerson; o assessor de segurança nacional, H.R. McMaster; e a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.

"A Venezuela é um desastre, é um desastre muito perigoso e uma situação muito triste", declarou Trump.

Quando perguntado se seria uma operação liderada pelos EUA e se o seu governo busca uma mudança de regime na Venezuela, Trump respondeu: "Não vamos comentar sobre isso".

A afirmação de Trump foi feita dias antes da chegada do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, na Colômbia. Pence desembarca no país vizinho da Venezuela neste domingo. Ele passará ainda por Argentina, Chile, Colômbia e Panamá, mas não pelo Brasil.

O Pentágono negou já ter recebido ordens sobre a Venezuela, mas afirmou estar preparado "para ajudar o governo para proteger nossos interesses nacionais e os nossos cidadãos", segundo comunicado do porta-voz Eric Pahon.

O governo americano já adotou novas sanções contra Maduro, o irmão do ex-presidente morto Hugo Chávez e diversos funcionários e aliados do chavismo. Eles são acusados pelo Departamento do Tesouro dos EUA de violar os direitos humanos e minar a democracia no país. Entretanto, nenhuma das sanções tinha como alvo o setor petrolífero venezuelano.

Um embargo do petróleo da Venezuela, o terceiro maior fornecedor para os EUA, poderia forçar a produção a desacelerar nas refinarias do litoral do Golfo do México e, pelo menos temporariamente, elevaria o preço da gasolina. Isso poderia ser delicado para Trump, que atacou Barack Obama diversas vezes por causa do preço nos postos. 

Trump recusa pedido de diálogo

Na véspera, Maduro pediu que o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, tentasse agendar um diálogo com Trump. "Eu acredito na diplomacia e reitero ao presidente Donald Trump o meu desejo de restabelecer relações políticas, de diálogo, de respeito, em termos de igualdade", disse Maduro em discurso durante uma sessão especial da Assembleia Nacional Constituinte, que os EUA e mais 17 países americanos não reconhecem como legítima. 

Maduro afirmou, além disso, que gostaria de uma reunião bilateral com Trump durante sua próxima viagem aos EUA, quando participará de uma sessão da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. "Se está tão interessado na Venezuela, aqui estou eu. Aqui está o chefe do seu interesse, 'mister' Donald Trump. Aqui está minha palavra", afirmou Maduro no discurso.

No entanto, a Casa Branca recusou nesta sexta o pedido e disse que só aceitará conversar com o líder venezuelano quando "a democracia for restaurada". Trump "conversará com prazer com o líder da Venezuela assim que a democracia for restaurada neste país", informou. "Os Estados Unidos estão com o povo da Venezuela diante da contínua repressão do regime de Maduro".

A Casa Branca assinalou que desde que assumiu a presidência, em janeiro passado, Trump tem exortado Maduro a respeitar a Constituição da Venezuela, celebrar eleições livres e justas, libertar os presos políticos e deter as violações dos direitos humanos. "O regime de Maduro rejeitou estes apelos, compartilhados por toda a região e o mundo, e escolheu o caminho da ditadura". (Com agências internacionais)