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China pode usar economia para pressionar Kim Jong-un, mas teme as consequências

Caminhões trafegam na Ponte da Amizade, que liga Sinuiju, na Coreia do Norte, e Dandong, na China - Greg Baker/ AFP
Caminhões trafegam na Ponte da Amizade, que liga Sinuiju, na Coreia do Norte, e Dandong, na China Imagem: Greg Baker/ AFP

Joe McDonald

Da Associated Press, em Pequim (China)

05/09/2017 11h43

A China tem instrumentos econômicos para pressionar a Coreia do Norte, mas teme que forçar muito o governo de Kim Jong-un o faça desmoronar.

Embora a China seja há muito tempo o principal parceiro comercial e protetor diplomático da Coreia do Norte, os testes nucleares e de mísseis de Kim afastaram os líderes chineses, que no mês passado apoiaram as sanções da ONU que cortam as receitas do Norte ao proibir a venda de carvão e minério de ferro. O presidente Donald Trump e outros pediram que a China use sua influência para fazer mais que deter o avanço nuclear de Pyongyang.

Pequim tentou conter o último teste nuclear, realizado no domingo, advertindo Pyongyang de que isso levaria a penalidades ainda mais dolorosas.

Mas os líderes chineses temem que haja instabilidade na península da Coreia se o regime de Kim cair, o que eliminaria um tampão entre a China e a Coreia do Sul, um aliado dos EUA fortemente armado com tropas americanas em seu solo. Veja algumas das opções que a China usou ou poderia usar e por que outras opções são improváveis:

Comércio que a China já cortou

Pequim parou de importar carvão da Coreia do Norte em fevereiro, privando o governo de Kim de sua maior fonte isolada de receita para pagar pelas importações. Controles que entrariam em vigor nesta terça-feira (5) sob as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU em 4 de agosto formalizam a proibição do carvão e proíbem a importação de minérios de ferro e chumbo, assim como pescados. As empresas norte-coreanas que operam na China também foram proibidas de lançar novos empreendimentos que possam gerar renda adicional.

Comércio que poderá cortar

O petróleo é a arma potencial mais poderosa de Pequim. A China responde por 90% do abastecimento de petróleo da Coreia do Norte. As remessas de petróleo foram suspensas por três dias em 2003 para manifestar a irritação chinesa depois de um teste de míssil norte-coreano. "Cortar esse fluxo provavelmente teria um impacto custoso e imediato na economia norte-coreana", disse o Eurasia Group em um relatório. No entanto, tal medida dolorosa poderia romper as relações, eliminando toda influência de Pequim sobre Pyongyang, segundo Myong-hyun Go, do Instituto Asan da Coreia do Sul.

Pequim também tem a opção de proibir as importações de confecções de roupas norte-coreanas --a maior fonte restante de receitas de exportações. Isso prejudicaria as empresas chinesas que fazem parte dessa cadeia de abastecimento e uma indústria de exportação norte-coreana que os líderes chineses estão ávidos para ver se desenvolver, tornando o país mais próspero e estável.

Comércio que a China não deverá cortar

A China é o maior fornecedor estrangeiro de alimentos para a Coreia do Norte, que tem terras agrícolas limitadas e conta com as importações para suprir a lacuna.

Acadêmicos chineses dizem que Pequim recusará a pressão para cortar o suprimento de alimentos, por medo de causar a fome generalizada e possivelmente iniciar um fluxo de refugiados para o nordeste da China. O fim dos subsídios soviéticos contribuiu para uma penúria em massa que foi culpada pela morte de centenas de milhares de pessoas nos anos 1990, levando a economia norte-coreana à borda do colapso.