Orfanato católico é acusado de enterrar 400 crianças em fossa comunitária
Pelo menos 400 crianças que passaram por um orfanato administrado por freiras católicas na Escócia teriam sido enterradas em uma única fossa em um cemitério próximo. O local abrigou mais de 11 mil órfãos durante um período de mais de um século, entre 1864 e 1981, mas chama atenção o fato de que os registros oficiais do orfanato tenham registrado apenas 120 mortes. A denúncia, feita em conjunto pela rádio BBC 4 e pelo Sunday Post, núltimo domingo.
O caso está sendo investigado por um órgão da justiça da Escócia especializado em crimes de abuso infantil. Antigos moradores do Smyllum Park, localizado em Lanark e operado pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, denunciaram que havia repetidos casos de abuso no local.
Frank Docherty e Jim Kane, que morreram ambos no início deste ano, alegaram que muitos antigos internos de Smyllum Park foram submetidos a abusos físicos, incluindo agressões e humilhações públicas. De acordo com o Sunday Post, ambos defendiam a tese de que haviam morrido lá muito mais do que 120 crianças.
Pelos registros oficiais, a maior parte destas mortes aconteceu de forma natural, entre 1870 e 1930, por doenças como tuberculose e pneumonia. Mas, a investigação da BBC 4 e do Sunday Post examinou atestados de óbito e encontrou referências a 402 crianças do Smyllum Park. Somente duas foram enterradas em outros lugares, o que leva a crer que 400 delas tenham sido jogadas nessa fossa comunitária.
Ainda segundo o Sunday Post, no cemitério mais próximo do orfanato, lápides marcam freiras e funcionários do orfanato enterrados ali, mas nenhum dos internos. Janet Docherty, viúva de, Frank, disse que seu marido já desconfiava disso. "Frank sempre temeu que houvesse mais crianças enterradas lá e isso é uma prova disso", disse ela ao jornal.
A reportagem do Sunday Post fez as contas. Moraram no orfanato 11.601 crianças, o que gera uma taxa de mortalidade (30 por mil), três vezes maior do que a máxima registrada na Escócia durante os mesmos 120 anos: 10,4 para mil, em 1901.
Diversos pedidos de entrevistas com as freiras foram negados. A instituição enviou apenas um comunicado: "Nós somos participantes principais no inquérito e estamos cooperando plenamente com esse inquérito”.
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