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Coreia, Trump e clima: Quais são os pontos mais importantes desta Assembleia da ONU?

Seth Wenig/AP
Imagem: Seth Wenig/AP

Do UOL, em São Paulo

19/09/2017 04h00

Quando os 193 países-membros das Nações Unidas se reunirem a partir desta terça (19) na Assembleia-Geral e durante os encontros de alto nível, líderes do mundo todo estarão de olho nas palavras e gestos do menos convencional --e mais poderoso-- entre todos os presidentes.

O que o presidente Donald Trump disser em sua estreia na ONU, quem ele pode ofender, elogiar ou surpreender e como outros líderes internacionais reagirão durante os debates da maior reunião diplomática do mundo são tópicos que provavelmente dominarão as conversas de bastidores. 

Mas quais são os temas relevantes para o atual cenário internacional durante os cinco dias de discursos? Veja os principais pontos que devem dominar os debates e criar polêmicas:

O efeito Trump

Ainda que este seja o primeiro discurso de Donald Trump na Assembleia da ONU, o presidente já criticou a organização anteriormente, chamando-a de um "clube" elitista e propondo cortes drásticos nas contribuições voluntárias dos EUA, o maior doador da entidade.

Trump ainda considera um problema para os Estados Unidos o que o mundo tem como uma das conquistas mais significativas da ONU, o acordo climático de Paris para reduzir os gases de efeito estufa e conter o aquecimento global. Seu governo também foi contra outras posições defendidas pela ONU, como a proteção dos direitos de refugiados e migrantes, o acordo nuclear do Irã e um novo tratado que proibiria as armas nucleares –acordo que será assinado na quarta-feira.

O que Trump exigirá de uma organização que ele tem atacado? Como tratará o novo líder das Nações Unidas, o secretário-geral António Guterres, que disse a repórteres na semana passada que estava tentando manter uma "relação construtiva" com Trump? Será que Trump falará algo sobre o aquecimento global em seu discurso na Assembleia Geral?

Os desafios da Coreia do Norte

kim - AFP PHOTO / KCNA VIA KNS / STR - AFP PHOTO / KCNA VIA KNS / STR
Imagem: AFP PHOTO / KCNA VIA KNS / STR

As resoluções do Conselho de Segurança da ONU que baniram os testes de mísseis balísticos e bombas atômicas tornaram-se quase rotineiras. Apenas quatro dias depois da adoção da mais recente rodada de sanções e durante a preparação da Assembleia da ONU, Kim Jong-un, o ditador norte-coreano, lançou um míssil na sexta-feira que voou mais do que qualquer outro projétil testado anteriormente.

O que Kim fará quando os líderes mundiais chegarem a um acordo em Nova York? (Kim não participará da Assembleia). Donald Trump, que prometeu uma resposta de "fogo e fúria" se a Coreia do Norte ameaçasse os Estados Unidos, e deve fazer da Coreia do Norte um tema importante no discurso da Assembleia.

Atrocidades em Mianmar

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Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

O secretário-geral da ONU e seu principal representante de direitos humanos descreveram os assassinatos e perseguições contra a minoria muçulmana rohingya de Mianmar como um exemplo de limpeza étnica.

Com quase meio milhão de refugiados rohingya agora em Bangladesh e provas diárias de atrocidades em Mianmar, o que os líderes mundiais dirão? O Conselho de Segurança, que estaria habilitado a fazer algo para deter os assassinatos, manterá sua resposta suave, apesar do aumento da pressão para agir mais rapidamente?

A China, principal apoiadora de Mianmar, reluta em emitir qualquer declaração pedindo o fim das operações militares contra os rohingyas.

Tensões envolvendo o acordo nuclear com o Irã

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Imagem: Atta Kenare/AFP

Trump e sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, queriam vender a imagem do Irã como um patrocinador do terrorismo e sugeriram que os Estados Unidos podem abandonar o acordo de 2015 negociado pela administração de Obama e cinco outras grandes potências que limitaram as atividades nucleares do Irã. Até agora, Trump --que deve citar o Irã em seu discurso —tem aceitado com má vontade o acordo nuclear, apesar de ele ter definido o pacto como um dos piores já negociados.

Será que Trump vai manter suas ameaças para repudiar o acordo e arriscar o isolamento? Diplomatas ocidentais expressaram preocupação com a hostilidade da administração Trump ao acordo, dizendo que isto poderia criar mais incerteza nuclear em um momento em que o mundo está tentando lidar com a Coreia do Norte.

Um encontro entre as partes que negociaram o acordo com o Irã –Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos-- ocorrerá na quarta-feira. Mas não há expectativa de que o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, se encontre com seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif.

Também não há expectativa de qualquer comunicação direta entre Trump e o presidente do Irã, Hassan Rouhani, que deverá dar uma entrevista coletiva na quarta-feira.

Acordo de Paris

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Imagem: AP

A Assembleia Geral ocorre em um momento de secas, inundações e furacões, incluindo os dois que devastaram partes do Texas, da Flórida e do Caribe nas últimas semanas. O que os líderes mundiais dirão sobre os desastres naturais e o acordo climático de Paris? Será que o governo Trump será influenciado para repensar sua decisão de retirar os EUA do acordo?

Trump reiterou seu ceticismo sobre a mudança climática após uma visita ao Estado da Flórida na semana passada. "Já tivemos tempestades maiores do que essa", disse ele a repórteres sobre a passagem do furacão Irma. (Com The New York Times)