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Mochileiro brasileiro registra caos após terremoto no México: "cenário de guerra"

Brasileiro Mayke Moraes registra cenário de destruição no México após terremoto - Mayke Moraes/@soumochileiro
Brasileiro Mayke Moraes registra cenário de destruição no México após terremoto Imagem: Mayke Moraes/@soumochileiro

Matheus Collaço

Colaboração para o UOL

20/09/2017 12h18

No dia em que lembrava mais um aniversário do pior terremoto já registrado em sua história, acontecido em 1985, o México foi atingido por um novo abalo, de magnitude 7.1 e que deixou diversas áreas do país destruídas e causou mais de 200 mortes. Em meio ao "cenário de guerra", estava o mochileiro brasileiro Mayke Moraes, natural de Varginha (MG), que havia chegado à Cidade do México - um dos locais mais devastados - apenas dois dias antes do incidente.

“Cheguei aqui no último domingo. O México é apenas a primeira etapa dessa minha jornada, que deve durar dois anos em países das Américas. E justamente no primeiro destino algo assim acontece. Foi uma mistura de sentimentos, porque nos dois primeiros dias, tudo estava indo bem. Conheci um pessoal legal, fui em festas, estava bem feliz. Então, na terça eu decidi não sair para poder editar alguns vídeos e postar nas redes sociais. Foi quando tudo aconteceu”, afirmou ele, em entrevista ao UOL.

Logo após o terremoto que levou a cidade ao caos, Moraes saiu da casa em que está hospedado para acompanhar os moradores nas tentativas de ajudar as pessoas que pudessem estar correndo algum tipo de risco devido aos tremores. Neste momento, ele fez algumas imagens para o seu perfil no Instagram, mostrando a devastação na cidade e os escombros dos prédios que desabaram.

“Vi diversos moradores assustados e comecei a ouvir sirenes, carros de polícia, bombeiros, ambulâncias. Estava em uma área que não sofreu muito com o abalo. Então, não tinha noção da intensidade dos danos. Só quando os moradores começaram a receber notícias de alguns conhecidos é que percebemos que tinha sido muito maior do que imaginávamos”, afirmou ele.

“Saímos para levar mantimentos e roupas para as vítimas. Quando vi aquela multidão de gente sem casa, os prédios desabados, pessoas que não podiam mais voltar para os apartamentos porque tudo podia desmoronar, tive vontade de chorar. Parecia um cenário de guerra. Foi muito assustador”, lamentou o mochileiro.

Por outro lado, Moraes afirmou que a tragédia mostrou o 'lado humano' dos moradores da Cidade do México. Rapidamente, diversas pessoas se prontificaram a ajudar quem estivesse passando por qualquer tipo de dificuldade, além de ajudar nas buscas por feridos e vítimas.

“Um episódio que me marcou foi quando nós estávamos próximos de um prédio que havia desabado e as pessoas estavam ajudando os bombeiros. Todo mundo passava os baldes, que estavam cheios de pedaços de pedra, tijolos e outras coisas, de mão em mão. Parecia cena de filme. E, quando algum dos bombeiros levantava o braço pedindo silêncio, para que pudessem escutar se alguma vítima estivesse pedindo socorro, todos faziam o mesmo. É uma experiência que eu vou guardar para o resto da minha vida”, afirmou ele.

Mayke revelou ainda que muitas pessoas têm culpado os serviços do governo que deveriam prever este tipo de incidente, pois acreditam que um terremoto com a magnitude de 7,1 poderia ter sido identificado, o que teria reduzido o número de vítimas.

“Eles reclamam disso, mas é muito difícil de saber se poderia ter ajudado. Dizem que os primeiros três dias após o tremor são muito perigosos, porque podem acontecer novos abalos, que são mais fracos, mas que também podem acabar fazendo muito estrago. Só posso rezar e torcer para que não aconteça mais nada”, disse ele.

Enquanto espera que nada de ruim aconteça, Moraes já afirmou que pretende fazer uma pequena mudança em seu roteiro de viagem: ao invés de ficar apenas oito dias na Cidade do México, ele vai estender a estadia para ajudar os moradores no que for possível.

“Eu vim para ficar no México um mês, para depois descer para a fronteira da Guatemala. Na Cidade do México, seriam de oito a nove dias. Porém, ontem mesmo eu já conversei com o dono da casa em que estou hospedado e ele já me disse que eu posso ficar mais tempo. Eu ainda quero ficar aqui, quero ir para o centro de novo, ver se tem mais gente precisando de algo. O que eu puder fazer para ajudar, eu vou fazer”, finalizou ele.