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Em meio a terremoto e apagão, casal passa por odisseia de 40 horas para voltar ao Brasil

Aeroporto da Cidade do México foi evacuado após o terremoto de 7,1 graus do dia 19 - Arquivo pessoal
Aeroporto da Cidade do México foi evacuado após o terremoto de 7,1 graus do dia 19 Imagem: Arquivo pessoal

Gabriel Melo

Do UOL, em São Paulo

23/09/2017 04h00

O brasileiro Gilberto Alves Silva, 69, estava se preparando para deixar a Cidade do México com sua mulher quando o terremoto de magnitude 7,1 atingiu a cidade e lhe fez encarar uma jornada de quase dois dias, até a volta para o Brasil na última quinta-feira (21).

O casal estava no México desde o fim de agosto para visitar sua filha, que vive na capital mexicana. Após passarem sem grandes tormentos por um terremoto no início da viagem, o forte tremor os pegou de surpresa enquanto arrumavam as malas e se preparavam para seguir para o aeroporto.

Silva estava no banheiro escovando os dentes, quando sentiu o prédio balançar de "um lado para o outro".

Eu não conseguia me equilibrar, acertar a maçaneta da porta. A impressão que eu tinha era a de que tudo iria desabar. Não sei quanto tempo fiquei lá dentro, para mim foi uma eternidade..."

No apartamento no terceiro andar de um prédio novo em Polanco, também estavam a sua mulher e outros três funcionários.

O brasileiro, Gilberto Alves Silva, 69, estava se preparando para deixar a Cidade do México quando o terremoto atingiu a cidade - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O brasileiro, Gilberto Alves Silva, 69, estava se preparando para deixar a Cidade do México quando o terremoto atingiu a cidade
Imagem: Arquivo pessoal

Dois mexicanos que trabalhavam na instalação de uma tela na janela da casa desceram correndo as escadas com o tremor, o aposentado, sua mulher e a empregada preferiram esperar o fim do tremor dentro do imóvel.

"Enquanto aguardava o terremoto passar eu tinha a esperança de que tudo ficasse ali. Ao mesmo tempo eu tinha a impressão de que tudo iria ruir", completou.

Em uma área pouco afetada pelos danos do tremor que fez mais de 280 mortos, Silva só se deu conta dos estragos causados pelo tremor no táxi a caminho do aeroporto.

"No caminho vimos alguns estragos, rachaduras nos prédios, fogo, fumaça em pontos distantes e muitas pessoas olhavam para cima, para os prédios".

Longa jornada de volta

No aeroporto o casal começou a longa jornada para voltar ao Brasil. O Aeroporto Internacional da Cidade do México havia sido evacuado, devido a danos internos, e não havia previsão para a reabertura.

Por mais de quatro horas, o casal ficou esperando, junto de centenas de passageiros, do lado de fora do aeroporto com as malas.

19.set.2017 - O desabamento de construções deixou a Cidade do México em meio à fumaça após um forte terremoto atingir a cidade - Edgar Cabalceta/EFE - Edgar Cabalceta/EFE
19.set.2017 - O desabamento de construções deixou a Cidade do México em meio à fumaça após um forte terremoto atingir a cidade
Imagem: Edgar Cabalceta/EFE

"Ficamos esperando no saguão por mais uma hora até surgir a informação de que existia um voo que sairia para o Panamá. Com muita briga, nós conseguimos embarcar para o Panamá."

O voo os levou até o Panamá no dia seguinte, em um aeroporto que ficou no escuro por um blackout. Ali, uma nova saga para conseguir um voo para o Brasil. 

"Ficamos no aeroporto por cerca de seis horas até conseguir um voo para o Rio de Janeiro na quarta-feira", disse o aposentado.

Depois de cerca de 40 horas após o fim do terremoto o casal de brasileiros conseguiu chegar ao Brasil na quinta-feira (21) às 6h30.

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