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Trump libera alguns, mas não todos os registros do assassinato de Kennedy

Meyer Liebowitz/The New York Times
Imagem: Meyer Liebowitz/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

26/10/2017 21h32Atualizada em 07/11/2017 19h16

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, liberou a divulgação de 2.800 documentos secretos sobre o assassinato do ex-presidente John F. Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963. Mas parte dos registros (300 arquivos) continuará restrita por razões de "segurança nacional".

Após recomendações do FBI e da CIA, Trump ordenou a revisão dos documentos retidos ou censurados ao longo dos próximos seis meses, com a ideia de voltar a se pronunciar sobre o assunto, e talvez revelar mais alguns, em abril de 2018, segundo funcionários do governo americano.

As versões digitais dos documentos não mais confidenciais já estão disponíveis no site do Arquivo Nacional, segundo a determinação de uma lei americana de 1992. 

A liberação desses documentos era esperada havia mais de duas décadas por historiadores e teóricos da conspiração, que buscam novas informações sobre o homicídio atribuído a Lee Harvey Oswald. 

Especialistas não esperam nenhuma revelação bombástica sobre o assassinato, mas sim novos detalhes sobre a figura de Oswald, morto dois dias depois do crime, e suas supostas ligações com Cuba, a União Soviética e a máfia. É muito provável que as teorias da conspiração --que questionam as conclusões oficiais do assassinato e a suposição de que o governo ajudou a velar a verdade-- continuem vivas.

Memorando presidencial

"Hoje ordeno que o véu finalmente seja levantado", disse o republicano em memorando presidencial sobre a última parte dos documentos relativos ao assassinato de Kennedy que o governo americano mantém confidenciais.

O governante afirmou que "o povo americano espera e merece o maior acesso possível" aos arquivos sobre esse acontecimento histórico, mas que, dos 3.100 documentos do Arquivo Nacional", alguma informação deve continuar censurada "por enquanto devido a preocupações de segurança nacional".

"Não tenho outra opção, hoje, a não ser aceitar essas censuras em vez de permitir um dano potencialmente irreversível à segurança da nossa nação", afirmou o presidente.

Uma das funcionárias do governo que falaram com os jornalistas confirmou que "a maioria dos pedidos" para que Trump mantivesse censurados certos documentos "vieram do FBI e da CIA".

Essas agências temem que os arquivos revelem "a identidade de indivíduos envolvidos e os seus papéis como informantes de uma investigação de segurança e inteligência", que ainda podem estar vivos hoje, disse outro funcionário de alto cargo.

"Frequentemente, também há dados sensíveis relacionados à identificação de atividades realizadas com o apoio de organizações estrangeiras aliadas", acrescentou a fonte.

Entre essas atividades podem estar os acordos de inteligência que os EUA tinham em 1963 com o governo do México, segundo disse à Agência Efe o juiz federal John R. Tunheim, que entre 1994 e 1998 revisou todos os documentos oficiais do governo americano sobre o assassinato de Kennedy.

Esses acordos teriam permitido Washington, segundo relatórios de imprensa, a vigiar as embaixadas na capital mexicana de Cuba e na União Soviética, visitadas pelo suposto assassino de Kennedy, Lee Harvey Oswald, seis semanas antes do assassinato.

Trump exigiu a cada agência federal que revise cada um dos trechos censurados "ao longo dos próximos 180 dias", até 26 de abril de 2018, quando ordenará "a publicação de qualquer informação que as agências não possam mostrar" e que deve seguir confidencial sob os parâmetros estabelecidos na lei de 1992.

Veja como foi o assassinato de John F. Kennedy, em 1963

AFP