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Inventor diz ter esquartejado jornalista sueca em submarino

A jornalista sueca Kim Wall - AFP
A jornalista sueca Kim Wall Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

30/10/2017 11h22

O inventor Peter Madsen admitiu que foi ele quem esquartejou a bordo de seu submarino a jornalista sueca Kim Wall, desaparecida em meados de agosto e cujos restos apareceram no mar Báltico, informou nesta segunda-feira (30) a polícia dinamarquesa.

Madsen também mudou seu depoimento sobre a morte de Wall, que segundo ele tinha sido provocada pela queda acidental da escotilha do submarino, e assegura agora que ela morreu por intoxicação de monóxido de carbono enquanto ele estava na cobertura do navio.

A polícia dinamarquesa localizou de forma separada nos últimos meses partes do corpo de Wall, vista pela última vez na noite de 10 de agosto a bordo do Nautilus, submarino de fabricação caseira no qual iria entrevistar Madsen, que está em prisão preventiva sob as acusações de homicídio e tratamento indecente de cadáver.

Kim Wall era uma jornalista freelancer que trabalhava entre Nova York e a China. Ela embarcou em 10 de agosto no submarino "Nautilus", ao lado do próprio inventor Peter Madsen, para fazer uma reportagem.

Seu namorado denunciou o desaparecimento em 11 de agosto. No mesmo dia, Madsen foi resgatado pelas autoridades dinamarquesas em Öresund, entre a costa da Dinamarca e da Suécia, antes do naufrágio do submarino.

A polícia acredita que o inventor provocou o naufrágio do "Nautilus" de modo deliberado. A embarcação foi erguida à superfície e examinada pela perícia.

Em um primeiro momento, Madsen afirmou que a jornalista havia desembarcado na ilha de Refshaleoen, em Copenhague, na noite de 10 de agosto.

submarino crime 1 - Peter Thompson/ AFP - Peter Thompson/ AFP
10.ago.2017 - Imagem que seria da jornalista Kim Wall ao lado de um homem na torre do submarino particular "UC3 Nautilus", em Copenhague
Imagem: Peter Thompson/ AFP

Depois de ser detido, ele mudou sua versão e afirmou que Wall havia falecido em um "acidente" e que ele jogou o corpo no mar, na baía de Koge.

Segundo esta versão, ele subiu na ponte, segurando a porta da escotilha de acesso à torre em que Kim Wall estava de pé. Ao escorregar de repente, ele soltou a escotilha de 70 kg que caiu na cabeça da jovem. De acordo com seu relato, o corpo do jornalista estava intacto quando o jogou no mar.

A acusação alega que Madsen matou Kim Wall para satisfazer uma fantasia sexual, depois desmembrou e mutilou seu corpo.

A necrópsia do torso não estabeleceu as causas da morte. Por outro lado, revelou mutilações múltiplas infligidas na genitália da vítima.

Filmes de mulheres decapitadas

Filmes "fetichistas" em que mulheres "reais" eram torturadas, decapitadas e queimadas foram encontrados em um disco rígido em seu estúdio, segundo  a Procuradoria dinamarquesa.

submarino crime 2 - Jens Noergaard Larsen/  Scanpix Denmark e Scanpix/ AFP - Jens Noergaard Larsen/  Scanpix Denmark e Scanpix/ AFP
Peritos policiais examinam submarino particular UC3 Nautilus
Imagem: Jens Noergaard Larsen/ Scanpix Denmark e Scanpix/ AFP

"Este disco rígido não me pertence", reagiu Peter Madsen, sugerindo que muitas pessoas tinham acesso ao estúdio.

Ele assegurou que não houve relações sexuais entre eles e que seus contatos foram puramente profissionais.

Madsen foi acusado em um primeiro momento de "homicídio por negligência", antes de ter a acusação reclassificada no dia 5 de setembro para assassinato e ataque à integridade de um cadáver.

A jornalista colaborou com The Guardian e New York Times e era graduada pela Escola Superior de Jornalismo da Universidade de Columbia.

O Nautilus foi inaugurado em 2008. Com 18 metros de extensão, era naquele momento o maior submarino privado do mundo.