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Argentina confirma que investiga explosão detectada no dia em que submarino desapareceu

Veja os detalhes do ARA San Juan, o submarino argentino desaparecido

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

23/11/2017 12h44Atualizada em 23/11/2017 15h37

A Marinha argentina confirmou nesta quinta-feira (23) que investiga um ruído detectado na zona de buscas pelo submarino ARA San Juan, que seria "consistente com o de uma explosão", aumentando os indícios de uma possível causa para o desaparecimento da embarcação, na quarta passada (15), com 44 tripulantes a bordo.

"Recebemos uma informação do embaixador da Áustria sobre um evento anormal, singular, curto, violento e não nuclear consistente com uma explosão" nos arredores do local em que o submarino fez o seu último contato, afirmou o porta-voz da Marinha, Enrique Baldi. Segundo ele, o ruído é semelhante com o de uma "implosão" --que teria ocorrido dentro do submarino.

"Quando uma explosão ocorre em lugar confinado, falamos que é uma implosão. Não é uma explosão do tipo que fará com que coisas flutuem pela superfície, embora isso não esteja descartado", disse Baldi, explicando o motivo pelo qual destroços não teriam sido avistados no mar.

O áudio, registrado no próprio dia 15, horas depois da última comunicação do ARA San Juan com a Marinha, foi detectado pela Áustria e pelos Estados Unidos praticamente na mesma localização, segundo o porta-voz da Marinha. O ponto da suspeita de explosão fica 60 quilômetros depois do local onde houve a última comunicação do ARA San Juan, a 430 km da costa argentina.

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"O embaixador também é membro de uma organização de controle de testes nucleares que conta com uma rede para detectar a realização de testes nucleares", indicou o porta-voz.

Na região em que foi detectada a "anomalia hidroacústica", a profundidade do mar tem "variações consideráveis", "desde 200 metros até os 1.000, 2.000 ou 3.000 metros", explicou Balbi.

Uma explosão repentina em imersão também poderia explicar a ausência de sinais de emergência, como liberar balsas, ou radiobalizas para ajudar no resgate, como indicam os procedimentos navais habituais.

Segundo Balbi, no entanto, as buscas pelo ARA San Juan "continuam da mesma maneira, até que haja uma certeza" sobre o destino do submarino. Pelo menos 13 países, incluindo o Brasil, participam da operação. Ele destacou que ainda não se sabe o que teria provocado o ruído detectado. "Seguiremos buscando até encontrar uma evidência mais concreta de onde está o San Juan e nossos tripulantes".

Balbi também disse que a Marina não tem "qualquer evidência" que aponta para um ataque contra o submarino. Em sua última comunicação, o ARA San Juan informou à Marinha uma avaria nas baterias.

Familiares se revoltam

Após o comunicado oficial de Balbi, familiares dos tripulantes se revoltaram com a falta de clareza da Marinha argentina em suas informações, principalmente sobre a possibilidade de os militares que estavam no submarino estarem mortos.

"Não disseram a palavra 'mortos', mas foi o que deu para entender", disse Itatí Leguizón, mulher de Germán Suárez, um dos 44 tripulantes, à imprensa argentina. Exaltada, ela disse que "não houve nenhuma explicação" mais detalhada.

Desaparecido há oito dias

As buscas, na superfície e em profundidade, ocorrem desde a quarta-feira passada, data da última comunicação, quando o submarino informou que havia uma avaria nas baterias. Até agora, as aeronaves e embarcações não encontraram indícios da localização atual do ARA San Juan.

Segundo um ex-comandante de submarino citado de forma anônima pela agência AFP, um problema grave com as baterias pode gerar hidrogênio que, "acima de um certo percentual, é explosivo". "Se aconteceu uma explosão, então tudo está perdido", acrescentou a fonte.

A rota programada do San Juan era do Ushuaia, no extremo sul do país, até o porto de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, onde deveria ter chegado entre domingo e segunda-feira. (Com agências internacionais)