Fotógrafo tem arma apontada no rosto por agente israelense infiltrado em protesto palestino
O fotógrafo Mohamad Torokman, da agência Reuters, registrou o momento exato em que teve uma arma apontada para seu rosto por um agente israelense infiltrado durante um protesto palestino próximo à cidade de Ramallah, na Cisjordânia, na última quarta-feira (13).
Torokman, que fotografa as tensões na região há quase 20 anos, registrava a manifestação de centenas de palestinos, contrários à decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, próximo ao assentamento judeu de Beit El. Alguns manifestantes queimaram pneus e outros atiravam pedras nas tropas israelenses, sem imaginar a retaliação que estava por vir.
"Os agentes infiltrados estavam posando como manifestantes palestinos, atrás dos que estavam atirando pedras. De repente, eles começaram a disparar suas pistolas para o ar e bombas de efeito moral ao mesmo tempo", disse.
Em seguida, ele viu oito agentes iraelenses usando véus islâmicos e a bandeira palestina como máscaras detendo os manifestantes.
Torokman continuou fotografando e capturou o momento em que um dos agentes rapidamente apontou a arma para ele enquanto prendia um homem.
"Ele gritou para mim e me mandou sair. Obedeci, por minha própria segurança, e saí rapidamente", disse Torokman, classificando o momento como "aterrorizante".
Infiltrados são semelhantes fisicamente aos palestinos
O momento foi registrado também pela agência AFP, em vídeo, em um local mais distante.
Os soldados israelenses que estavam mais distantes se aproximaram correndo ou a bordo de veículos, forçando os manifestantes a fugir. As imagens do cinegrafista e do fotógrafo da AFP mostram a prisão de três palestinos.
Os infiltrados passaram despercebidos entre os manifestantes. As forças israelenses recorrem a esses agentes, conhecidos como "mustaribine" (literalmente "aqueles que se disfarçam como árabes"), em protestos na Cisjordânia, ou em Jerusalém.
Esses "mustaribines" são judeus, árabes-israelenses, drusos ou beduínos, falam árabe como os palestinos e são fisicamente semelhantes. Geralmente se misturam entre a multidão e até jogam pedras contra os soldados.
Três palestinos ficaram feridos durante a confusão em Bet El, segundo os hospitais da região.
Desde o anúncio, em 6 de dezembro, pelo presidente americano Donald Trump do reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, as manifestações - relativamente limitadas como um todo - se repetem diariamente nos territórios palestinos.
Grande parte da comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como a capital do Estado judeu e considera que seu status deve ser negociado. (Com Reuters e AFP)
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