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Após debate de 14 horas, presidente do Peru é mantido em seu cargo

Presidente da República do Peru, Pedro Pablo Kuczynski - Mariano Bazo/Reuters
Presidente da República do Peru, Pedro Pablo Kuczynski Imagem: Mariano Bazo/Reuters

Do UOL, em São Paulo

22/12/2017 02h33

O Congresso do Peru decidiu manter no cargo o presidente da República, Pedro Pablo Kuczynski, 79, após debate que durou mais de 14 horas e terminou volta das 2h30 da madrugada desta sexta-feira (22).

Os oposicionistas não conseguiram os 87 votos necessários para aprovar o pedido de cassação foi apresentado pela oposição, liderada pela Força Popular, de Keiko Fujimori, que alegou uma suposta "permanente incapacidade moral". De um total de 129 representantes no Congresso (apenas um faltou à sessão), 79 votaram a favor da saída do presidente, 19 contra e 21 abstenções.

O argumento se baseia na acusação de receber propina para favorecer a empreiteira brasileira Odebrecht quando atuava como ministro no país, entre 2004 e 2006. A denúncia é uma consequência da Operação Lava Jato na América Latina, que chegou até agora a 12 países da região e mais de 70 autoridades políticas ou pessoas próximas.

A oposição conseguiria afastar Kuczynski apenas com os representantes de Força Popular, Frente Ampla e Aliança para o Progresso, mas, segundo o jornalista Martín Hidalgo, do El Comércio (um dos principais veículos de comunicação do Peru), pelo menos nove abstenções foram de parlamentares do Força Popular. 

A que mais chamou a atenção é a do filho do ex-presidente Alberto Fujimori, Kenji Fujimori, que estaria negociando o indulto humanitário a seu pai, preso desde 2009, condenado por crimes de direitos humanos e corrupção cometidos durante seu governo, entre 1990 e 2000.

Sugestivamente, logo após o fim da votação, Kenji postou no Twitter a cena final do desenho Rei Leão, quando o personagem Simba assume o "reinado" deixado por seu pai.

Presidente alegou inocência

O presidente sempre negou qualquer participação no esquema de corrupção. Em seu discurso no Congresso unicameral, Kuczynski afirmou que sua empresa de consultoria Westfield Capital, que trabalhou em certas ocasiões com a Odebrecht, nunca firmou contrato com o Estado e que nunca incorreu em nenhum conflito de interesses.

"Não sou corrupto, não menti, jamais favoreci alguma empresa ou pessoa durante minha gestão como ministro de Minas e Energia, de Economia ou como primeiro-ministro. Também não fiz isso desde que sou presidente", afirmou Kuczynski durante sua defesa na quinta-feira (21).

Durante a apresentação do mandatário ao Congresso surgiu a informação de que Alberto Fujimori solicitou sua libertação a uma comissão presidencial comandada por Kuczynski.

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(com agências internacionais)