Topo

Trump diz que informação sobre demissão de chefe de inquérito do caso russo é "notícia falsa"

Fabrice Coffrini/AFP
Imagem: Fabrice Coffrini/AFP

Do UOL, em São Paulo

26/01/2018 08h33

O presidente americano, Donald Trump, chamou de "fake news" ("notícias falsas") as informações de que teria ordenado a demissão do promotor especial Robert Mueller no ano passado e que só mudou de ideia ante a ameaça de demissão de um funcionário de alto escalão. "Notícias falsas. Notícias falsas. Típico história do New York Times. Histórias falsas", afirmou Trump aos jornalistas em sua chegada ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, para pronunciar seu discurso.

Segundo publicou o jornal "The New York Times", Trump ordenou a demissão do promotor, mas o advogado da Casa Branca, Donald McGahn, o fez mudar de ideia ao ameaçar se demitir. 

O episódio, segundo o jornal, aconteceu em junho de 2017, dias depois de Mueller ser nomeado promotor especial no dia 17 de maio. O jornal assegura que quatro fontes diferentes confirmaram a informação, sob condição de permanecer no anonimato.

Mueller comanda a investigação sobre denúncias de conluio entre a equipe da campanha eleitoral do presidente e a Rússia nas eleições de 2016, algo que Trump nega e que considera um ataque contra a legitimidade de sua presidência.

De acordo com o jornal, o republicano deu a ordem em junho de 2017, mas o advogado da Casa Branca Don McGahn expressou oposição, alegando que teria um "efeito catastrófico" para a presidência de Trump. McGahn disse ainda que isto levantaria ainda mais suspeitas sobre o possível envolvimento do Kremlin com seu cliente.

Mueller, ex-diretor do FBI, 73 anos, com reputação de probidade e independência política, tem um amplo mandato desde 17 de maio de 2017 para investigar todas as questões relacionadas com a interferência russa durante as últimas eleições presidenciais.

Trump, descontente com a nomeação de um procurador independente para liderar a investigação russa, alegou que Mueller tinha até três conflitos de interesse por seu trabalho como advogado que o desqualificava de sua nova responsabilidade.

Em maio, Trump já protagonizou um grande escândalo ao demitir o então diretor do FBI, James Comey, que naquele momento liderava a investigação, assumida depois por Mueller.

Segundo o "NYT", quando ordenou a saída de Robert Mueller, Trump bateu de frente com McGahn, uma pessoa da sua confiança que contratou para a Casa Branca após trabalhar como advogado da sua campanha presidencial.

No final do ano passado, os primeiros resultados da investigação foram constatados com as acusações ao ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort - em prisão domiciliar desde então -, e Michael Flynn, que foi seu assessor de Segurança Nacional, entre outros.

Depoimento de Trump

 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira que estaria disposto a ser interrogado sob juramento pelo procurador especial. "Estou ansioso por isto, na verdade", disse Trump, falando a repórteres na Casa Branca, sobre uma entrevista com Mueller, ex-diretor do FBI. "Eu faria isto sob juramento".

Embora Trump já tenha se comprometido a cooperar com a investigação de Mueller antes, o presidente fez sua declaração em um momento em que a Casa Branca e aliados no Congresso intensificaram ataques contra a credibilidade do inquérito e Trump foi vago sobre se iria ou não responder perguntas.

Advogados de Trump têm conversado com a equipe de Mueller sobre a interrogação, de acordo com fontes com conhecimento do assunto. "Eu gostaria de fazer isto o mais cedo possível", disse Trump.

Trump disse, no entanto, que estabelecer uma data certa para a interrogação será "assunto para meus advogados e afins". Perguntado se pensa que Mueller irá tratá-lo de forma justa, Trump respondeu: "Nós vamos descobrir". (Com agências internacionais)