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Israel liberta palestina de 14 anos no território "errado" e divide família

20.jun.2007 - Muro que separa palestinos e israelenses em Erez - Rina Castelnuovo/The New York Times
20.jun.2007 - Muro que separa palestinos e israelenses em Erez Imagem: Rina Castelnuovo/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

01/02/2018 13h12

Uma adolescente de 14 anos deixou a Cisjordânia para visitar a tia em Jerusalém. Ao retornar da casa da parente, ela foi detida por militares de Israel porque não tinha a permissão para transitar pelo território ocupado. Ela foi interrogada sem a presença dos pais e ficou presa por dias até ser avisada que seria libertada. Mas seu drama estava apenas começando.

Era a manhã do último dia 15 de janeiro quando Ghada, a jovem palestina (que não teve o sobrenome divulgado), soube que seria levada até o posto de fronteira de Qalandiya, que fica a poucos minutos de sua cidade natal, Al-Ram, na Cisjordânia.

Após horas de viagem e já de noite, Ghada foi deixada pela equipe do serviço prisional militar israelense no posto de Erez, em Gaza, no outro lado do território palestino.

mapa gaza - Arte UOL - Arte UOL
Localização da Cisjordânia, Israel e Gaza
Imagem: Arte UOL

Ghada nunca tinha estado em Gaza. Ela não sabia onde estava e, durante todo o processo, os pais da garota não foram avisados sobre o que estava acontecendo.

No escuro, Ghada atravessou o posto e, após algum tempo, conseguiu falar com uma autoridade palestina e, através dela, ligou para a mãe. A família orientou a garota a ficar na casa de parentes que ela nunca chegou a conhecer até então. É lá que ela aguardou uma resolução do seu problema até esta quinta-feira (1º), quando teve autorização para retornar à família na Cisjordânia.

Segundo o advogado Abir Joubran-Dakwar, da ONG de defesa dos direitos humanos Hamoked, que está cuidando do caso, Ghada sofre de epilepsia e está sob supervisão médica. O estresse da situação, segundo ele, pode afetar a condição dela.

Um porta-voz do Serviço Prisional de Israel disse que, de acordo com os dados oficiais, a garota era uma moradora de Gaza.

Ghada nasceu em Ramallah e agora mora com a família em Al-Ram, na Cisjordânia. No entanto, seu pai nasceu na faixa de Gaza e quando Ghada nasceu, as autoridades israelenses teriam identificado o endereço dela como sendo Gaza.

Israel mantém controle sobre o registro da população de palestinos nos territórios palestinos ocupados.

O país também mantém um bloqueio em Gaza sob a justificativa de que a medida é necessária para isolar o grupo Hamas, com quem israelenses já enfrentaram em três guerras.

Além disso, é extremamente difícil para um palestino da Cisjordânia obter uma permissão de Israel para visitar a faixa de Gaza.

Segundo a ONG, cerca de 21.000 palestinos vivem na Cisjordânia, mas tem o registro de endereço como sendo Gaza.

No ano passado, 27 palestinos que vivem na Cisjordânia foram enviados a força para Gaza, segundo dados militares recebidos pela ONG.

O advogado Joubran-Dakwar disse que está é a primeira vez que ouve um caso de alguém tão jovem nesta situação.

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AFP