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FBI abusou de seu poder de vigilância em inquérito sobre a Rússia, diz memorando republicano

Doug Mills/The New York Times
Imagem: Doug Mills/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

02/02/2018 16h10

Um memorando preparado por republicanos e divulgado nesta sexta-feira (2) acusa o FBI de abusar de seu poder de vigilância durante os trabalhos de investigação do inquérito que apura o envolvimento da Rússia nas eleições de 2016. O documento, liberado com o aval do presidente Donald Trump, diz que há "violações graves de confiança pública" na aplicação da lei.

O memorando foi preparado por republicanos do Comitê de Inteligência da Câmara com a intenção de detalhar, os abusos de poder do FBI, a polícia federal americana, e o Departamento de Justiça. Para políticos democratas, o memorando e suas acusações tentam tirar a credibilidade da investigação, que já envolveu pessoas próximas de Trump.

O FBI já havia questionado energicamente a publicação do documento, alegando que continha graves imprecisões.

O memorando acusa ex-funcionários que aprovaram os pedidos de vigilância, entre eles o ex-diretor do FBI James B. Comey, seu ex-vice-diretor Andrew  McCabe, a ex-procuradora-geral Sally  Yates e o atual vice-procurador-geral Rod Rosenstein, de fazer pedidos de vigilância que omitiram fatos cruciais sobre as motivações políticas da pessoa responsável por fornecer informações, Christopher  Steele, um ex-oficial de inteligência britânica e autor de um dossiê sobre as relações entre o presidente Donald Trump e o governo de Moscou.

O documento diz que o britânico "foi suspenso como fonte do FBI de acordo com a mais grave das violações --uma divulgação não-autorizada para a imprensa sobre o seu relacionamento com o FBI".

O FBI utilizou a informação que lhe foi proporcionada por Steele para aumentar o monitoramento sobre Carter Page, que até setembro de 2016 prestou assessoria em política externa à campanha eleitoral de Trump, por suspeitar que ele agiu como um agente da Rússia.

Entre outubro de 2016 e uma data não especificada em 2017, houve várias solicitações judiciais para monitorar Page, que foram aprovadas pelo então diretor do FBI, James Comey, e o vice-diretor Andrew McCabe; além de integrantes do alto escalão do Departamento de Justiça (os ex-funcionários Sally Yates e Dana Boente e o atual vice-procurador-geral, Rod Rosenstein).

As solicitações foram enviadas a um tribunal secreto estabelecido para implementar a lei de Vigilância de Inteligência Exterior (FISA, na sigla em inglês) e conhecido como Corte FISA.

Mas, segundo o memorando, o FBI e o Departamento de Justiça ocultaram nessas solicitações os vínculos financeiros de Steele com o Partido Democrata e, segundo o documento, o ex-espião chegou a admitir que estava "desesperado para que Donald Trump não fosse escolhido" nas eleições de 2016.

"A solicitação à Corte FISA (...) ignorou ou escondeu as motivações financeiras e ideológicas de Steele contra Trump", diz o memorando, redigido pela equipe do congressista republicano Devin Nunes, um aliado do presidente.

A associação que representa os agentes do FBI defendeu seu trabalho nesta sexta-feira, depois da divulgação do memorando, e disse que "não permite e não permitirá que a política partidária a distraia" de sua missão. O presidente da Associação de Agentes do FBI, Thomas O'Connor, em uma declaração por email, afirmou que seus agentes são dedicados à nação e à Constituição dos EUA, acrescentando: "O povo americano deve saber que eles continuam sendo bem servidos pela mais importante agência de aplicação da lei do mundo".