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Vaticano ouvirá autor de carta com denúncias contra bispo chileno que foi ignorada pelo papa

Bispo Juan Barros, que foi defendido pelo papa Francisco apesar das acusações feitas em carta por uma das vítimas - Carlos Gutierrez/Reuters
Bispo Juan Barros, que foi defendido pelo papa Francisco apesar das acusações feitas em carta por uma das vítimas Imagem: Carlos Gutierrez/Reuters

Do UOL, em São Paulo

07/02/2018 16h09

O especialista do Vaticano responsável por investigar crimes sexuais, o arcebispo Charles Scicluna, irá entrevistar pessoalmente o autor de uma carta ignorada pelo papa Francisco, Juan Carlos Cruz, que denunciou abusos praticados por um bispo defendido pelo pontífice.

O caso do bispo de Osorno, Juan Barros, suspeito de ter acobertado os crimes de um padre pedófilo, manchou a viagem do papa ao Chile em janeiro. No avião que o trouxe de volta a Roma, Francisco declarou que o Vaticano havia investigado Barros, sem encontrar "provas para condená-lo". "Vocês me dizem que há vítimas, mas eu não as vi. Elas não se apresentaram a mim", argumentou na ocasião, declarando estar "convencido" da inocência do bispo.

Cruz seria entrevistado pelo arcebispo pelo Skype. Mas Scicluna telefonou para a vítima "em nome do papa" e marcou o encontro pessoalmente em Nova York no dia 17 de fevereiro, quando o chileno estará nos EUA para trabalhar.

Em janeiro de 2015, Francisco nomeou Juan Barros à frente da diocese de Osorno, apesar das suspeitas de ter feito silêncio sobre os crimes do padre Fernando Karadima. Este padre foi reconhecido culpado em 2011 por um tribunal do Vaticano de ter cometido atos de pedofilia nos anos 1980 e 1990.

De acordo com irlandesa Marie Collins, uma "sobrevivente" de abusos sexuais que abandonou em 2017 a comissão papal de luta contra a pedofilia, ao menos três vítimas diretas de Karadima acusam Barros de ter testemunhado alguns atos. Barros nega as acusações. (Com agências internacionais)