Topo

Com crise venezuelana, governo deve reforçar fronteira e declarar emergência social em Roraima

Fronteira entre Brasil e Venezuela em Pacaraima (RR) - runo Santos/ Folhapress
Fronteira entre Brasil e Venezuela em Pacaraima (RR) Imagem: runo Santos/ Folhapress

Do UOL, em São Paulo

14/02/2018 16h31Atualizada em 14/02/2018 17h39

Os ministros que participaram da reunião com o presidente Michel Temer (MDB) anunciaram nesta quarta-feira (14) que as Forças Armadas serão responsáveis por coordenar a ação do governo federal em Roraima para lidar com o grande fluxo de venezuelanos que fogem do país vizinho. De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, uma medida provisória, que deve ser anunciada até sexta-feira, vai instituir a emergência social na fronteira e, em Roraima, as Forças Armadas passarão a coordenar toda a ação.

Segundo o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a ideia não é proibir a entrada de venezuelanos, "que seria contrário aos tratados de direitos humanos que o Brasil subscreve", mas "fazer uma seleção para saber quem está chegando e que tipo de ajuda cada um precisa". "Uns precisam de assistência médica, outras já são mais qualificados para conseguir emprego. Então, saber quem está chegando e como pode ser útil dentro da própria comunidade de venezuelanos que chegam ao Brasil", completou.

De acordo com Jungmann, o controle das fronteiras deve ser reforçado na região de Pacaraima, cidade na fronteira da Venezuela que tem recebido o maior número de venezuelanos atualmente. "Você tem uma parte que passa pela Polícia Federal, onde você tem a entrada regular dos imigrantes, mas você tem também os que entram por fora, que fogem ao controle. Nós vamos ampliar o controle nesta fronteira", disse.

Veja também:

O ministro da Defesa disse ainda que serão criados postos de controle no interior do Estado. "Não vamos ficar só na fronteira, vamos colocar também pessoal e controle no interior para fazer este processo de triagem, de apoio", afirmou Jungmann.

O ministro da Defesa disse ainda que o efetivo militar para apoio às questões humanitárias será duplicado de 100 para 200 militares e será criado um hospital de campanha.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sérgio Etchegoyen afirmou que o governo brasileiro está trabalhando em parceria com outros países, como a Colômbia, que também está recebendo um grande fluxo de venezuelanos. "Temos dois propósitos: proteger a nossa população, ou seja, proteger o nosso interesse, sem descuidar da gravíssima tragédia humanitária na fronteira", disse.

Etchegoyen afirmou que o GSI vai coordenar a área de inteligência voltada para identificar a origem dos fluxos migratórios, "a intensidade, as possibilidades de aumento e redução", além de medir o resultado das politicas que forem adotadas em função desses dados. Segundo ele, as ações têm dois propósitos principais: "proteger a nossa população, sem descuidar da gravíssima tragédia humanitária que nós temos hoje na fronteira".

Temer esteve em Boa Vista, capital do Estado, na segunda-feira durante o Carnaval. "Vejo que esse afluxo intenso de venezuelanos cria problemas para o Estado de Roraima, mas certa e seguramente criará para outros Estados se não tomarmos algumas medidas e providências", acrescentou o presidente. Em seu discurso, Temer frisou que o Brasil não se fechará, mas que quer "disciplinar" a entrada de venezuelanos.

Devido a uma forte crise econômica, muitos venezuelanos estão deixando o país comandado por Nicolás Maduro e indo para nações vizinhas em busca de melhores condições de vida. Roraima, no Norte do país, faz fronteira com a Venezuela. (Com Agência Estado)