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Crianças vendem rifa que dará fuzil AR-15 para ajudar time de beisebol

Anúncio de rifa que oferece uma AR-15 ao ganhador, em Neosho, Missouri, EUA - Reprodução
Anúncio de rifa que oferece uma AR-15 ao ganhador, em Neosho, Missouri, EUA Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

20/02/2018 13h39

Crianças de um time sub-9 de beisebol de Neosho, no Missouri (EUA), estão vendendo bilhetes de rifa que tem como prêmio um fuzil AR-15, a mesma arma usada no massacre em uma escola na Flórida, na semana passada. O objetivo do sorteio é arrecadar fundos para a equipe.

O técnico da equipe infantil sub-9, Levi Patterson, afirmou que a rifa foi planejada antes do massacre na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland. No entanto, o time decidiu continuar com o sorteio apesar das críticas recebidas. O time é formado por crianças entre 7 e 9 anos de idade.

O post inicial feito por Patterson para promover a rifa no Facebook mostrava a foto de uma arma ao lado do logotipo do mascote do grupo escolar local. A imagem foi apagada após críticas.

O fuzil que será sorteado foi um presente do pai de um dos alunos em Neosho que é cofundador de uma empresa que fabrica armas, a Black Rain Ordnance.

A fabricante de armas confirmou a doação. "Nós nos aproximamos do jovem time de beisebol para doar um produto que nós fabricamos aqui em nossa comunidade local amiga das armas de Neosho, Missouri", disse em nota.

neosho escola rifa - Reprodução - Reprodução
Logo do complexo escolar de Neosho
Imagem: Reprodução

O time não teria relação com a escola. Segundo Steve Douglas, presidente do Conselho de Educação de Neosho, "não é uma escola que está patrocinando o evento". "Nós sempre ficamos felizes quando nossas jovens equipes crescem, mas não fazemos parte disso [da rifa]. Não autorizamos o uso do logotipo da escola em publicidade e nós não aprovamos isso de qualquer forma", acrescentou.

Patterson disse que pensou em achar um prêmio diferente para a rifa após o massacre, mas o time achou melhor "transformar tudo em algo positivo" depois de receber opiniões raivosas nas redes sociais.

Inicialmente, o técnico afirmou que os comentários negativos vinham de um "grupo de ódio". No entanto, depois, ele se corrigiu e disse que eram de pessoas preocupadas que tinham "todo o direito de se manifestar por aquilo que acreditam".

A uma das críticas, Patterson respondeu dizendo que "as rifas de armas existem há anos. O mal também existe e sempre vai existir". Segundo o treinador, pessoas de todos os Estados Unidos estão comprando números do sorteio para apoiar o time, o que, de acordo com ele, mostra o apoio recebido em relação às rifas.

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UOL Notícias

O prefeito de Neosho, Ben Baker, apoia a rifa. Em uma declaração que, segundo ele, não reflete a opinião da prefeitura, o político disse que o sorteio deve ser feito.

"Eu acho repreensível que um punhado de pessoas detestáveis tenham atacado um bom homem que está tentando fazer a diferença em nossa comunidade, dando seu tempo para orientar a juventude. Eu não me importo quando as pessoas têm uma visão contrária, isso é América e eu acredito na primeira emenda!", escreveu o prefeito.

"Mas quando ataca viciosamente o caráter das pessoas por tentar fazer algo bom e interpretar os fatos de acordo com uma narrativa, isso é simplesmente errado", completou.

No dia do ataque a tiros na escola da Flórida, a fabricante de armas escreveu em sua página no Facebook: "Talvez seja hora de falar sobre armar um seleto grupo de funcionários de escola e sob rígido treinamento para resposta armada e cuidados em casos de vítimas. Discutam"

Apesar de toda a polêmica, a rifa continua a ser vendida por US$ 5. O sorteio será realizado no dia 17 de março. O vencedor precisa ter pelo menos 18 anos e ter a ficha criminal limpa.