Para combater solidão, idoso chinês procurou família para ser adotado
A população chinesa está envelhecendo a um ritmo mais acelerado do que o resto do mundo. Com uma taxa de natalidade de 1,7, resultado de 36 anos de política do filho único, e expectativa de vida de 75 anos, a China tem um percentual cada vez maior de idosos na população. Até 2050, 44% dos habitantes do país, cerca de 330 milhões de pessoas, serão aposentados.
O problema é que a previdência social chinesa não consegue dar conta de tantos idosos. Hoje, a China tem mais de 230 milhões de habitantes com mais de 60 anos, o que equivale a 16,7% da população total. E eles já sofrem com a falta de dinheiro e, principalmente, de cuidados. O que é oferecido pelo Estado não é suficiente. E, os filhos, muitas vezes abandonam os pais idosos à própria sorte.
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Com medo do total abandono, Han Zicheng, 85, decidiu colocar um bilhete em um ponto de ônibus da cidade de Tianjin anunciando que estava à procura de uma família que o adotasse. A história do chinês foi contada pelo jornal norte-americano "Washington Post".
"Homem solitário com mais de 80 anos, forte, pode fazer compras, cozinhar e tomar conta de si mesmo. Não possui doenças crônicas. É aposentado do Instituto de Pesquisas Científicas de Tianjin e recebe uma pensão mensal de 6.000 yuan (cerca de R$ 3.350)", dizia o bilhete.
Zicheng, que sobreviveu à invasão japonesa, à guerra civil e à revolução cultural, não queria terminar seus dias em um asilo. Ele afirmou que era viúvo, tinha dois filhos, mas que um morava no Canadá e o outro mantinha pouco contato com ele.
O anúncio rendeu algumas ligações. Uma jovem estudante de direito e um militar se tornaram amigos do idoso e ligavam para ele com frequência. Mas nenhum deles, de fato, quis adotá-lo. Além disso, alguns canais de TV fizeram reportagens com Zicheng, o que fez surgir ofertas de refeições e de ajuda por parte de alguns moradores de Tianjian, informa a reportagem.
Geralmente, quem ligava para o idoso ouvia histórias de como ele odiava o governo e os asilos locais. No entanto, após alguns meses, as ligações se tornaram raras.
O chinês passou a ligar para um número de ajuda para idosos, que foi criado com o objetivo de combater o suicídio entre pessoas que moravam sozinhas. No dia 13 de março, ele falou pela última vez com sua amiga estudante. Em abril, quando ela voltou a procurar Zicheng, acabou conversando com outra pessoa. Era o filho dele, que informou que o idoso havia morrido em 17 de março.
Apesar de querer companhia, a morte de Zicheng passou despercebida. Duas semanas depois que morreu, um comitê de vizinhos, que deveria vigiar o bairro, soube da notícia da morte e se surpreendeu.
O filho de Zichang, Han Chang, viajou do Canadá para Tianjian para cuidar das burocracias. Irritado, contou que seu pai só queria atenção da imprensa, mas que tinha três filhos, e não dois, que se preocupavam muito com ele.
Antes de passar mal, o idoso conseguiu falar com alguém pelo telefone. Foi internado no hospital e acabou morrendo acompanhado de enfermeiros.
(Com agências internacionais)
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