Família faz ataque suicida contra delegacia da Indonésia; série de ataques pode estar ligada a EI
Uma família de cinco membros, incluindo uma menina de 8 anos, cometeu um atentado suicida nesta segunda-feira (14) contra uma delegacia e feriu 10 pessoas na cidade de Surabaya, a segunda maior da Indonésia, um dia depois de outra família executar três ataques contra igrejas e matar 12 pessoas.
A série de atentados provoca o temor de uma influência maior do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Sudeste Asiático, onde reivindicou vários ataques nos últimos meses.
No atentado suicida contra a delegacia, quatro membros da família morreram. A filha de 8 anos sobreviveu, segundo o porta-voz da Polícia da província de Java Oriental.
Os ataques de domingo contra três igrejas de Surabaya foram cometidos por seis integrantes de uma mesma família e deixaram 12 mortos. A mãe, o pai, as duas filhas de 9 e 12 anos e os dois filhos de 16 e 18 anos estavam vinculados ao movimento extremista islamita indonésio Jamaah Ansharut Daulah (JAD), que apoia o grupo EI, segundo a Polícia.
O pai, Dita Priyanto, era o líder da célula local do movimento JAD. Foi ele que "deu instruções à célula para atuar", disse o chefe da Polícia Nacional, Tito Karnavian.
Avanço do extremismo
A Indonésia, país muçulmano de maior população do mundo, viu-se arrastada para a "guerra contra o terrorismo" com os atentados de Bali em 2002, que provocaram 202 mortes.
As autoridades iniciaram na época uma grande ofensiva contra os extremistas islamitas e enfraqueceram as redes mais perigosas. Mas o grupo EI conseguiu recentemente mobilizar mais uma vez a ala extremista indonésia.
Atentados suicidas e ataques armados em Jacarta mataram quatro civis em janeiro de 2016. Os quatro terroristas foram mortos nos ataques reivindicados pelo EI, os primeiros desta magnitude na Indonésia desde 2009.
"Havia cinco pessoas em duas motocicletas. Uma era uma menina pequena. Era uma família", declarou Karnavian.
Prisões podem ser causa
Os ataques em Surabaia nas últimas 48 horas podem ter sido motivados pela detenção dos líderes do JAD e estar vinculados a confrontos mortais provocados por islamitas em uma prisão de segurança máxima nas proximidades de Jacarta na semana passada, informou Karnavian.
Aman Abdurrahman, líder espiritual do JAD e preso há vários anos por ataques terroristas, seria liberado em agosto do ano passado, mas sua detenção foi prorrogada por sua suposta participação nos ataques de Jacarta em 2016.
Planejamento mais sofisticado
No domingo à noite, poucas horas depois dos atentados suicidas contra igrejas, três pessoas da mesma família foram assassinadas e outras duas feridas na explosão de uma bomba em um complexo residencial a 30 quilômetros de Surabaya, indicou a polícia.
A mãe e uma criança morreram na explosão, enquanto o pai, que estava com o detonador, foi abatido pelos agentes, segundo a polícia. Os dois feridos foram hospitalizados.
O pai envolvido nos atentados contra as igrejas, Dita Oepriyanto, era amigo do homem que foi morto no apartamento.
A coordenação dos ataques de domingo e segunda-feira mostra um planejamento mais sofisticado do que no passado, de acordo com os analistas.
"Sem dúvida há um aumento da competência técnica", declarou à AFP Zachary Abuze, especialista em segurança para a região do Sudeste Asiático.
(Com AFP)
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