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Casal é preso na Califórnia acusado de torturar os dez filhos

Jonathan Allen e Ina Rogers, acusados de torturarem os filhos na Califórnia - Solano County Sheriff"s Office/AP
Jonathan Allen e Ina Rogers, acusados de torturarem os filhos na Califórnia Imagem: Solano County Sheriff's Office/AP

Califórnia (EUA), da Associated Press

16/05/2018 19h28

Um casal de Solano, Califórnia, foi preso sob fiança, acusado de torturar os próprios filhos.

Promotores acusaram Ina Rogers nesta quarta (16), na corte suprema de Solano, de ter cometido nove crimes graves de abuso de crianças. A fiança para que ela deixe a prisão foi estabelecida em US$ 500 mil.

O marido de Rogers, Jonathan Allen, 29, tem sete acusações de tortura e abuso de criança. Ele foi preso na sexta-feira (11) e sua fiança é de US$ 5,2 milhões.

Ambos alegam inocência.

O caso

No dia 31 de março, a polícia chegou à casa da família, no subúrbio de Fairfield, respondendo a uma denúncia de jovem desaparecido.

Segundo o tenente-coronel Greg Hurlbut, os policiais encontraram uma casa coberta de comida estragada, além de dejetos animais e humanos, pelo chão. A polícia retirou do local as crianças, de idades entre 4 meses e 12 anos, e deteve Rogers sob a suspeita de negligência.

Nas semanas seguintes, histórias de abuso foram relatadas pelas crianças em entrevistas dadas às autoridades. Oito dos filhos relataram casos de maus tratos de anos atrás.

A mãe alegou educar os filhos em casa, mas a residência não é registrada como escola privada, como exige a legislação da Califórnia. Três endereços anteriores da família tampouco foram registrados como tal.

À imprensa, a mãe de Rogers, avó das crianças, chamou o genro de “monstro”. “Ele dava tapas na cara do bebê e colocava fita isolante em sua boca para o bebê ficar em silêncio”, disse Wanda Rogers a uma emissora de TV local.

Brinquedos espalhados em um dos cômodos da casa - Rich Pedroncelli/AP - Rich Pedroncelli/AP
Brinquedos espalhados em um dos cômodos da residência
Imagem: Rich Pedroncelli/AP

As acusações

Segundo os promotores do caso, as crianças foram resgatadas em uma casa imunda em março deste ano e tinham feridas provocadas por perfurações e queimaduras, além de outros ferimentos e contusões consistentes com armas de ar comprimido. Sharon Henry, promotor-chefe do condado, disse que as crianças foram torturadas com “propósitos sádicos”. 

“Em vez de cuidar de seus filhos, ela [Rogers] abusou deles, se não tiver auxiliado seu marido em práticas de tortura”, disse a promotora Veronica Juarez na corte.

O juiz William J. Pendergast concordou com o pedido da promotora de manter a fiança de Rogers em US$ 495 mil, dizendo que “ela pode não ser uma ameaça para o público geral, mas essas acusações deixam claro que ela é um risco para seus filhos.”

Rogers foi levada para a prisão após a audiência. Seu advogado de defesa, Barry Newman, não falou à imprensa.

A defesa

Ina Rogers falou à imprensa que teve apenas um contato com o serviço social do estado, há três anos. Na ocasião, funcionários visitaram sua casa e entrevistaram seus filhos, mas não encontraram nada de errado.

Ela também explicou que seus filhos eram educados em casa, pois os dois mais velhos tiveram experiências ruins na escola pública. “Eles sofriam bullying e os professores não ajudavam.”

A mãe também afirmou que todas as crianças dormiam em um mesmo quarto, para ficarem perto umas das outras. Os outros cômodos da casa eram usados como “suíte master”, quarto de jogos e quarto de meditação.

O marido Jonathan Allen, por sua vez, negou as acusações dizendo não ser “um monstro”. “A verdade é que essa é uma residência funcional. Todo mundo ajudava todo mundo. Era um círculo completo - os mais velhos ajudavam os mais novos”, disse, também em entrevista à imprensa. 

Ainda não está claro se as autoridades da Califórnia tiveram a oportunidade de intervir nos anos em que, segundo os promotores, o casal abusou de seus filhos no subúrbio Fairfield, a 79 quilômetros de São Francisco. O serviço social de Solano não respondeu aos pedidos da reportagem de informações sobre a visita ou sobre qualquer possível outra interação com a família.