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Putin celebra encontro com Trump e diz que oposição nos EUA tenta sacrificar relação com russos

Do UOL, em São Paulo

19/07/2018 09h47

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez nesta quinta-feira (19) seus primeiros comentários sobre a reunião com Donald Trump, na última segunda, em Helsinque (Finlândia). Segundo ele, a cúpula foi um "sucesso" e abriu "caminho para mudanças positivas" nas relações entre os dois países, que atravessam um mau momento.

Segundo o russo, no entanto, há interesse de alguns americanos em "sacrificar as relações" com a Rússia, possivelmente em alusão às críticas de parte da opinião pública americana, incluindo políticos republicanos, ao encontro e à postura de Trump, visto como amigável demais com o líder russo. Putin e a Rússia são acusados formalmente por agências de inteligência norte-americanas de interferir nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.

"Nós vemos que há forças nos Estados Unidos que estão prontas para, facilmente, sacrificar as relações russo-americanas, colocando interesses partidários acima dos interesses nacionais ", declarou Putin, em discurso a embaixadores da Rússia reunidos em Moscou.

"A Rússia continua aberta, porém, a um reforço dos contatos com os Estados Unidos, com base na igualdade e nas vantagens mútuas", disse.

Segundo ele, as relações russo-americanas "estão ainda piores que nos tempos da Guerra Fria", um ponto em que disse ter concordado com Trump. Mas Putin acrescentou que "o caminho para mudanças positivas começou a ser pavimentado", ressaltando que os problemas não serão resolvidos em "algumas horas" de conversa. "É ingênuo pensar isso, ninguém tinha essa esperança".

"Precisamos de uma nova agenda positiva que nos permita realizar um trabalho comum, encontrar pontos de encontro. Falamos sobre isso, evidentemente ", acrescentou o chefe do Kremlin.

"Não apenas nossos dois povos, mas o mundo inteiro precisa disso. Como as duas principais potências nucleares, temos uma responsabilidade particular com a estabilidade estratégica e a segurança", advertiu Putin.

Idas e vindas de Trump

Na entrevista coletiva de Trump e Putin em Helsinque, ambos mostraram grande sintonia, sobretudo quando o americano disse acreditar nas palavras do russo, que negou a ação russa na eleição presidencial. Essa sintonia causou revolta e mal-estar nos meios políticos em Washington, incluindo entre os republicanos.

Desde então, Trump deu declarações contraditórias sobre as acusações de interferência, dizendo acreditar nas palavras das agências de inteligência e até responsabilizando Putin. Ao mesmo tempo, no Twitter, o norte-americano repetidamente reafirmou o "sucesso" da cúpula, apostou na melhoria das relações entre os países e atacou a imprensa dos EUA. Nesta quinta, Trump disse estar impaciente para sua "segunda reunião com Putin".

A reunião a portas fechadas dos dois presidentes, acompanhada apenas por seus respectivos intérpretes, deflagrou todo tipo de especulação. Alguns congressistas americanos pediram que a intérprete de Trump comparecesse ao Congresso.