Quer ajudar imigrantes? ONGs coletam milhas para reunir famílias e bancar viagens a refugiados
Viaja muito, tem milhas acumuladas e algumas inclusive próximas do vencimento? Organizações coletam esses pontos e os transferem para pessoas que precisam viajar e não têm recursos, como refugiados e famílias separadas na fronteira EUA-México.
Iniciativas como essa existem há alguns anos, mas têm ganhado popularidade nos Estados Unidos nos últimos meses, com o endurecimento da política contra imigração de Donald Trump.
O governo americano tem detido cada vez mais imigrantes que tentavam entrar no país sem autorização -- muitos deles, acompanhados de seus filhos. Como menores de idade não podem ser presos, pelo menos 2.000 crianças foram enviadas para abrigos a milhares de quilômetros das detenções de seus pais. Após a liberação, os adultos se veem impedidos de reencontrar os filhos, devido aos altos custos das viagens.
"Meu marido viaja muito. Desvantagem: ele fica muito fora. Lado bom: ele acumula milhas. Nós usamos poucas dessas milhas para ajudar uma criança de 3 anos de idade e seu pai, que haviam sido separados na fronteira, a se encontrarem com o resto da família", publicou em seu Twitter a norte-americana Beth Wilensky, professora de direito.
Nos EUA, organizações como a Michigan Support Circle e a miles4migrants recolhem as milhas e as distribuem para quem precisa viajar. Foi o caso do sírio Hamza, que fugiu de Deir-ez-Zor, cidade ocupada pelo autodenominado Estado Islâmico, e chegou até a Bélgica.
Após conseguir autorização para levar seus quatro irmãos para a Europa, a organização internacional Caritas pediu ajuda à miles4migrants para financiar as passagens da família.
Nos EUA, cada vez mais famílias são detidas
A proporção de famílias imigrantes que foram detidas na fronteira sul dos Estados Unidos aumentou nos meses de junho e julho, apesar do efeito dissuasório procurado pelo Governo do presidente Donald Trump com a separação de menores, segundo dados divulgados na quarta-feira (8).
Como tinha ocorrido em junho, as estatísticas de julho mostram um aumento da porcentagem de famílias detidas no limite entre o México e EUA com relação ao total de apreensões de imigrantes irregulares registrada nesse mês pela Patrulha Fronteiriça, informou o Departamento de Segurança Nacional.
Deste modo, em julho a proporção de famílias que viajavam juntas e foram detidas alcançou 29,57% (9.258 pessoas) do total de interceptadas na zona fronteiriça meridional, em comparação com os 27,67% (9.434 detidos) de junho e com os 23,51% (9.485 detidos) em maio.
Os dados publicados pelo governo deixam entrever que as políticas de "tolerância zero" impulsionadas pela administração Trump não tiveram o efeito dissuasório procurado na chegada de famílias.
Essas medidas de "tolerância zero" foram aplicadas a partir de abril, quando o procurador-geral, Jeff Sessions, ordenou que todos os imigrantes que chegassem ao país irregularmente pela fronteira sul fossem processados criminalmente, o que na prática supunha a separação de famílias.
No final de junho, Trump se viu obrigado a alterar as novas medidas após a urgente pressão, inclusive dentro de seu partido, que o acusava de "inumanidade", por isso que agora os pais e filhos podem permanecer juntos em centros de detenção de imigrantes, embora a viabilidade legal da medida é incerta.
Juiz critica lentidão
No começo do mês, o juiz federal Dana Sabraw, responsável por uma ação de uma organização civil contra o governo dos Estados Unidos, classificou como "inaceitável" a lentidão da Casa Branca para localizar pais imigrantes separados de seus filhos na fronteira com o México.
Sabraw pediu que o governo nomeie um supervisor para a questão e explique como vai localizar os pais já deportados ou libertados da prisão de mais de 500 menores que seguem sob custódia federal.
O juiz afirmou que é obrigação do governo de Donald Trump reunificar todas as famílias que foram separadas na fronteira e pediu que a União Americana de Liberdades Civis (ACLU) colabore com seus recursos para ajudar a agilizar o processo.
Para isso, o juiz sugeriu que a organização monte um comitê para ajudar na localização dos 410 pais que já não estão mais nos EUA. A ACLU afirmou que estima que 95% dos imigrantes deportados foram enviados de volta para Honduras e Nicarágua. (Com EFE)
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