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Elogio a Kim, sanções à Venezuela, crítica aos órgãos internacionais: os principais pontos do discurso de Trump

Reuters
Imagem: Reuters

Do UOL

Em São Paulo

25/09/2018 12h03

O presidente norte-americano Donald Trump discursou nesta terça-feira (25) pela segunda vez na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O líder da maior economia do planeta abordou temas quentes na agenda global: a desnuclearização da Coreia do Norte, o papel das Nações Unidas e de órgãos de cooperação internacional, Israel e Venezuela.

Veja os principais trechos:

1. Coreia do Norte

Um ano após a estreia, marcada por ameaças à Coreia do Norte e ataques diretos a Kim Jong-un, Trump dessa vez agradeceu ao líder norte-coreano.

O norte-americano, que encontrou Kim Jong-un em uma cúpula histórica em Singapura em junho, elogiou os avanços nas negociações e disse que 'mísseis e foguetes não voam mais em todas as direções'. Apesar disso, ressaltou que sanções seguirão até que aconteça a completa desnuclearização do regime norte-coreano.

"Encontrei Kim Jong-un face a face e tivemos uma conversa altamente produtiva. Concordamos que deveríamos buscar a desnuclearização e depois adotamos medidas encorajadoras que poucos poderiam imaginar", afirmou Trump.

Mísseis e foguetes não estão mais voando em todas as direções, os testes nucleares pararam, houve o desmantelamento de centros nucleares, nossos reféns foram soltos e os restos mortais de nossos soldados [na Guerra da Coreia] voltaram para a casa.

Trump ainda agradeceu nominalmente os líderes de Coreia do Sul, Moon  Jae-in, Japão, Shinzo Abe, e China, Xi  Jinping, pelos esforços nas negociações.

No ano passado, Trump prometeu "destruir completamente" a Coreia do Norte se ela persistisse com as ameaças em direção aos norte-americanos. Seu discurso também ficou famoso por ele se referir a Kim Jong-un como "homem-foguete", nove meses antes de encontrá-lo pessoalmente em Singapura. A fala de hoje, portanto, marca uma grande mudança de postura:

Quero agradecer ao líder Kim pela coragem e os passos dados, mas ainda há muito trabalho a ser feito. As sanções permanecerão até que a desnuclearização seja completa

2. Sanções à Venezuela

Trump anunciou também novos bloqueios econômicos ao entorno do presidente Nicolás Maduro e fez um apelo:

Todas as nações do mundo devem resistir ao socialismo

Para Trump, o socialismo é a causa da "bancarrota", como classificou, "que atinge um país que já foi um dos mais ricos do planeta".

As sanções a que o mandatário se referia atingem quatro membros do círculo próximo ao presidente venezuelano.

Como parte das ações, os EUA proibiram os americanos de negociar e apreenderão ativos financeiros pertencentes à primeira-dama, à vice-presidente, ao Ministro das Comunicações Jorge Rodriguez e ao Ministro da Defesa Vladimir Padrino.

3. Crítica aos órgãos internacionais

O mandatário dos EUA se mostrou contrário aos órgãos internacionais. Disse que não reconhece a legitimidade, nem a jurisprudência da Corte Penal Internacional e elogiou os países que "buscam suas próprias visões" -- ele deu como exemplo a Índia, a Arábia Saudita e a Polônia.

Outro alvo do norte-americano foi o Conselho de Direitos Humanos da própria ONU, que deixou de contar com os Estados Unidos, por decisão de Trump, no último mês de junho.

Não voltaremos ao conselho de direitos humanos até que ele seja reformado

Segundo ele, o conselho "protege abusadores de direitos humanos" enquanto critica os Estados Unidos. Ele disse que os países devem lutar contra o que ele chamou de "novas formas de coerção e dominação". Exaltando o patriotismo, Trump afirmou que "a América é governada pelos americanos".

Nós rejeitamos a ideia de globalismo e aceitamos a ideia do patriotismo 

Trump disse também que os Estados Unidos darão ajuda "apenas aos nossos amigos".

4. Pedido para países isolarem o Irã

Trump também fez duras críticas ao Irã e pediu isolamento do país, que descreveu como uma "ditadura corrupta" que está roubando da população para pagar por agressões no exterior.

Os líderes do Irã semeiam o caos, a morte e a destruição. Eles não respeitam os vizinhos ou fronteiras ou os direitos de soberania das nações

O presidente americano diz que os países vizinhos ao Irã pagam caro pela agenda de "agressão e expansão". E afirmou que isso fez com que vários países do Oriente Médio o apoiassem na decisão de deixar o acordo nuclear estabelecido em 2015, quando Barack Obama estava no poder.

Segundo o líder americano, a ditadura iraniana financia a produção de armas nucleares, o terrorismo e a repressão. Ele também acusou o país de apoiar os massacres na Síria e no Iêmen.

5. Economia e dependência energética

No plano econômico, após afirmar que o desequilíbrio comercial com a China "não pode ser tolerado", pediu aos países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que reduzam seus preços.

"Os Estados Unidos estão prontos para exportar nosso abundante e acessível estoque de petróleo, carvão limpo e gás natural", disse.

A Opep e os países da Opep estão, como sempre, roubando o resto do mundo, e eu não gosto disso. Ninguém deveria gostar disso

Ele também disse que a Alemanha deveria mudar de rumo, se não quiser se ver dependente do poderio energético da Rússia. 

Atraso e risos da plateia

A segunda participação de Trump na ONU foi marcada por seu atraso ao começar o discurso - tradicionalmente o país, sede da organização, tem o segundo presidente na lista de oradores, após o Brasil. Dessa vez, Trump acabou substituído por Lenin Moreno, presidente do Equador, terceiro da lista.

Logo no começo de sua fala, Trump arrancou risos da plateia ao exaltar seu trabalho na Presidência americana, que assumiu em janeiro de 2017.

"Em menos de dois anos, minha administração conquistou mais do que quase todas as administrações na história do nosso país, a América...é tão verdade!", disse Trump, provocando alguns risos. "Não esperava essa reação, mas tudo bem", declarou, na sequência, com um sorriso, causando mais risadas e alguns aplausos.

(Com Reuters e AFP)