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Saques se espalham em área atingida por tsunami na Indonésia; ONG diz que centenas de pessoas ainda estão sob escombros

4.out.2018 - Polícia patrulha as ruas de Palu, na Indonésia - Bay Ismoyo/AFP
4.out.2018 - Polícia patrulha as ruas de Palu, na Indonésia Imagem: Bay Ismoyo/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/10/2018 11h20

Pelo menos 92 pessoas foram detidas por saques na ilha de Celebes, na Indonésia, revelou a polícia local nesta quinta-feira (4). Na sexta-feira (28), terremotos seguidos por um tsunami deixaram mais de 1,4 mil mortos na região.

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O porta-voz da polícia, Dedi Prasetyo, disse que as prisões foram feitas pelo roubo de carros, motocicletas, cigarros, café e alimentos em cinco áreas da província de Celebes Central.

"Esperamos que haja mais detidos. Hoje temos uma equipe para garantir a segurança, vigiando os motoristas nos arredores de Palu", disse o agente à agência de notícias Efe. A maioria dos roubos ocorreram em Palu, embora também foram registrados casos nos municípios de Sigi, Tolitoli e Donggala, disse Dedi.

O Exército indonésio deslocou vários soldados para ficar na frente das lojas, caixas automáticos, postos de gasolina e aeroportos, enquanto que as autoridades trabalham para coordenar a distribuição de assistência à região, onde mais de 70 mil pessoas foram deslocadas.

Em Palu, região mais afetada pela catástrofe, os caminhões militares e da agência de gestão de desastres que transportam suprimentos percorrem as ruas.

À noite, a Cruz Vermelha também presta ajuda aos deslocados e distribui cobertores e colchões, que chegaram à região por via marítima, informou a organização humanitária.

Ajuda para as crianças

A ajuda, porém, ainda chega a conta-gotas às cidades devastadas pelo terremoto e tsunami em Celebes, onde as autoridades e agentes humanitários alertam para muitas crianças traumatizadas depois que foram separadas de suas famílias pela tragédia.

4.out.2018 - ONGs estão preocupadas com os efeitos da tragédia na Indonésia nas crianças - Jewel Samad/AFP - Jewel Samad/AFP
ONGs estão preocupadas com os efeitos da tragédia na Indonésia nas crianças
Imagem: Jewel Samad/AFP

Na região de Palu, cidade de 350.000 habitantes na costa oeste da ilha, imóveis desabaram e as ruas e avenidas estão destruídas.

Os serviços de emergência ainda tentam encontrar sobreviventes entre os escombros, mas, seis dias após a tragédia, restam cada vez menos esperanças.

A ONG Save The Children informou que muitos menores de idade estão dormindo nas ruas e destacou a urgência de identificá-los e encontrar seus pais.

"É difícil imaginar uma situação mais aterrorizante para uma criança", afirmou Zubedy Koteng, assessor para a proteção da infância da ONG.

"Muitas crianças estão em choque, traumatizadas, sozinhas e aterrorizadas. Os jovens que procuram por eventuais parentes sobreviventes viram e passaram por experiências horríveis, que nenhuma criança deveria passar", completou.

Ao mesmo tempo, o governo indonésio tenta responder às necessidades dos habitantes de produtos de primeira necessidade, enquanto as ONGs estrangeiras enviam equipes à região.

O destino das crianças separadas de suas famílias pelo terremoto e que se tornaram órfãos é a maior preocupação.

Quase 200.000 pessoas precisam de ajuda humanitária urgente, de acordo com a ONU. As autoridades calculam que 66.000 casas foram destruídas.

Depois de tomar conhecimento da magnitude do desastre, o presidente indonésio Joko Widodo aceitou o envio de ajuda de organizações humanitárias e o apoio de outros países.

Mas o governo encontra dificuldades para levar ajuda aos sobreviventes, que passam fome e sede.

Nos primeiros dias após o tsunami, o aeroporto de Palu ficou aberto apenas para os aviões militares. Mas nesta quinta-feira (4) foi autorizado o tráfego limitado de aviões comerciais, com prioridade para os voos humanitários.

A ONU prometeu 15 milhões de dólares de seus fundos de emergência. A Cruz Vermelha anunciou o envio de navios com mantimentos e equipamentos, incluindo utensílios de cozinha, barracas, sacos para cadáveres e mosquiteiros.

As autoridades estabeleceram prazo até sexta-feira para tentar encontrar sobreviventes entre os escombros.

A energia elétrica foi restabelecida em alguns bairros de Palu e a rede de telefonia voltou a funcionar, assim como alguns mercados.

Mas a vida mudou completamente para os moradores, que aguardam pela água e dinheiro prometidos pelas autoridades. Em alguns locais, os habitantes aguardam 24 horas até conseguir alguns litros de gasolina.

Muitas vítimas ainda sob os escombros

A ONG Aksi Cepat Tanggap (ACT), dedicada à resposta de desastres, estima que mais de mil pessoas ainda estão enterradas sob os escombros.

A estimativa, que é compartilhada por outras ONGs, se refere ao bairro de Balaroa, em Palu, a cidade mais afetada pela tragédia. O bairro ficou reduzido a uma massa de lama, metal e cimento após o terremoto e os deslizamentos de terra.

"Há casas umas em cima das outras e corpos no fundo", disse à Agência Efe, Ali Akbar, um dos membros da ACT.

O ativista disse que a equipe de sua ONG conseguiu resgatar os corpos de um homem e uma mulher sob os escombros, em Balaroa, apesar de reconhecer as dificuldades dessa tarefa, pois dispõem de pouca maquinaria pesada.

Alguns poucos familiares, moradores, militares e voluntários fazem a busca neste bairro, onde, de acordo com a ACT, viviam cerca de 2 mil pessoas.

Em Petobo, localizada a sete quilômetros de Palu, dezenas de casas ficaram enterradas sob a lama após um deslizamento de terra.

A porta-voz da Federação Internacional da Cruz Vermelha em Palu, Iris van Deinse, disse à agência Efe que entre 500 e 700 pessoas viviam na cidade, que praticamente desapareceu.

Ao sul de Petobo, equipes de resgate da Indonésia e da ONG tentam recuperar os corpos de dezenas de crianças que ficaram presas sob outro desmoronamento enquanto participavam de um acampamento de estudo da Bíblia no distrito de Sigi Biromaru.

Na última terça-feira, a Cruz Vermelha confirmou a morte de 34 adolescentes, entre 13 e 15 anos, nessa região onde, segundo um dos membros da ONG, foram resgatados 90 dos 200 jovens que estavam no acampamento.

(Com EFE e AFP)