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Submarino será retirado? Está inteiro? O que se sabe e o que ainda é dúvida na Argentina

Bruno Aragaki

Do UOL, em São Paulo

17/11/2018 11h30Atualizada em 17/11/2018 16h02

Após o anúncio na madrugada deste sábado (17) de que o submarino ARA San Juan foi localizado, ainda há mais dúvidas do que respostas entre familiares e imprensa na Argentina.

"Não me senti aliviada, agora a dor só aumenta", disse por telefone ao UOL Zulma Sandoval, mãe de um dos 44 tripulantes da embarcação.

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A Marinha da Argentina afirmou que com a localização neste sábado do submarino ARA San Juan no Oceano Atlântico, após um ano desaparecido, "foi aberto um novo capítulo" para esclarecer o que aconteceu à embarcação, algo que será investigado "com a cautela necessária" por respeito às famílias.

O UOL listou dúvidas que ainda precisam de respostas. 

Como o submarino será retirado?

Na verdade, além desta pergunta, há outra: saber se o submarino será retirado.

"Não temos equipamento para descer a essa profundidade, nem temos tecnologia para extrair um submarino dessas características", disse o ministro da defesa argentino Oscar Aguad sobre o submarino encontrado na última madrugada.

"Vai ser difícil retirar o submarino por conta da profundidade. Na minha humilde opinião, não sai mais de lá", disse ao UOL um oficial da marinha brasileira que trabalha com submarinos.

Além da viabilidade técnica, Aguad disse que uma eventual retirada também requer autorização judicial. Antes, os esforços estarão centrados em identificar as causas do incidente.

Onde o submarino foi encontrado?

O ARA San Juan foi localizado a leste da Península Valdés, na Patagônia argentina, a 600 quilômetros da cidade de Comodoro Rivadavia, onde havia sido montado o centro de operações durante a busca.

O local é próximo do ponto onde "uma anomalia hidroacústica" foi detectada no mar no dia em que o submarino perdeu contato com a base. Para os técnicos argentinos, é um indício de que o submarino pode ter sofrido uma implosão --que ocorre quando o submarino ultrapassa o seu limite de profundidade, no caso do ARA San Juan, era de cerca de 300 metros.

O submarino estava a 907 metros da superfície.

Quais as condições do submarino?

Imagens preliminares apresentadas pelas autoridades argentinas mostram partes do submarino em uma área de 80 por 100 metros, e as autoridades falam em implosão já no fundo do mar.

O casco do submarino está inteiro, mas "totalmente deformado, colapsado e implodido", sem "aberturas". Mas não se sabe a violência da implosão, nem o tamanho dos fragmentos. A qualidade das fotografias não contribui. "Além da escuridão, a salinidade da água impede uma melhor definição", disse

O que aconteceu com o submarino?

Ainda não se sabe ao certo, mas equipamentos de análise de atividade sísmica, utilizados para detectar maremotos e terremotos, identificaram ruídos no Oceano em 15 de novembro de 2017 -- data da última comunicação do submarino. A anomalia foi identificada em local próximo a onde se localizou o submarino hoje, a 600 quilômetros do litoral.

Na Justiça, uma causa está aberta para determinar os detalhes do desaparecimento do submarino e também foi criada uma comissão parlamentar com o mesmo fim.

Por que só foi encontrado agora?

O ponto em que o submarino foi encontrado já havia sido mapeado por diversas equipes de busca. Mas como a profundidade era muita, os equipamentos argentinos não detectaram a embarcação, explicou a jornalistas o ministro Oscar Aguad. Por isso, foi contratada uma empresa estrangeira, com tecnologia para águas profundas, que encontrou a embarcação depois de dois meses de operação.

O submarino foi atacado por ingleses?

Esse é um rumor difundido na sociedade argentina, que disputa com o Reino Unido a soberania das Ilhas Malvinas. Mas faltam evidências que comprovem ataque à embarcação, que navegava em mares argentinos. 

Submarino argentino é localizado após desaparecer no Atlântico há um ano

Efe