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Mourão diz que Venezuela não conseguirá sair sozinha do regime chavista

Mourão diz que Venezuela não conseguirá sair sozinha do regime chavista

UOL Notícias

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

25/02/2019 15h07Atualizada em 26/02/2019 13h15

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou hoje à tarde durante a sua participação no Grupo de Lima, em Bogotá, que a Venezuela não conseguirá sair sozinha da "opressão do regime chavista", sem, no entanto, propor soluções mais enérgicas ao problema. 

Para Mourão, o momento é de solidariedade interamericana para evitar conflitos que agravem a crise vivenciada pelos moradores do país vizinho. 

À luz dos acontecimentos acumulados há mais de uma década, sabemos reconhecer que Venezuela não conseguirá se livrar sozinha da opressão do regime chavista
General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil

"O momento é de solidariedade interamericana, desvestida de ideologia e sectarismo, uma solidariedade sensível à crise humana e moral que se abate de maneira contundente sobre a Venezuela", disse o vice-presidente.

Ele disse ainda que não se deve temer a busca por sanções internacionais "ao regime chavista", mas que isso deve acontecer sob determinação dos organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), tribunais internacionais e outros. 

Mais tarde, em entrevista à GloboNews, Mourão disse que "o Brasil vai buscar de todas as formas que não haja conflito". "Não podemos trazer conflito para dentro do território brasileiro. Vamos trabalhar de forma diplomática", afirmou, citando a participação do chanceler Ernesto Araújo nas negociações. "Seria muito ruim trazer um clima antigo, como o da Guerra Fria, para o Brasil", disse, se referindo à aproximação da Venezuela com a Rússia.

Representando o governo brasileiro, o general disse ser possível devolver a democracia à Venezuela sem o uso de "medidas extremas". 

"O Brasil acredita firmemente que é possível devolver Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda, como nações democráticas, com aquelas que serão julgadas pela história como agressores, invasores e violadores das soberanias nacionais", disse. 

No discurso, Mourão fez uma alusão à cooperação entre Estados Unidos e Brasil há 70 anos, que teria evitado confronto entre "países irmãos" e que "afastou do hemisfério potências alheias à cultura e valores compartilhados". 

"A nossa tarefa já não é somente liderar uma iniciativa de preservação da paz e da segurança das Américas, mas oferecer um exemplo afortunado de uma ação conjunta, equilibrada, prudente e consistente, como inspiração para superar a crise na Venezuela", afirmou.

Perguntas e respostas para entender a crise nas fronteiras da Venezuela

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Governo de Maduro é "uma ameaça"

Apesar do tom apaziguador do discurso, o vice-presidente usou palavras duras para se referir ao regime de Nicolás Maduro, ao qual classificou como "não democrático", "militarista" e "criminoso", que detém de maneira ilegitima o poder na Venezuela. "É uma ameaça que deve ser conjurada pela convocação de eleições organizadas por sua assembleia nacional soberana e fiscalizada pela Organização dos Estados Americanos."

Ele disse ainda que, na contramão da tendência sul-americana de ser a região menos militarizada do mundo, Maduro armou a própria população mesmo sem nunca ter recebido uma ameaça direta a sua soberania.

"[Venezuela] Militarizou parte de sua população por meio de milícias ideologizadas e desde 2009 vem adquirindo equipamentos militares sofisticados com considerável capacidade opressiva", disse Mourão.

O vice-presidente também acusou a cúpula venezuelana de estar envolvida com "crimes transnacionais". "Razão pela qual talvez se explique sua resiliência financeira, em um quadro prévio à quebra do orçamento nacional e, particularmente, a truculência com que investe contra a oposição política e a maioria da população resiste e protesta contra as suas arbitrariedades", disse.