Manifestantes contra Maduro entram em confronto com polícia na Venezuela
Manifestantes da oposição na Venezuela entraram em confronto com a polícia na manhã deste sábado (9), nos preparativos de um comício que pretende pressionar o ditador Nicolás Maduro, enquanto a eletricidade permanece intermitente, depois do pior blecaute do país em décadas. Também há protestos a favor de Maduro em Caracas, capital do país.
Dúzias de manifestantes tentaram caminhar em uma avenida de Caracas, mas foram movidos às calçadas pela tropa de choque da polícia, levando-os a gritar contra os policiais e empurrar seus escudos. Uma mulher foi atingida com spray de pimenta, de acordo com uma emissora local.
O país entrou na escuridão na noite de quinta-feira (7), no que o governo do Partido Socialista chamou de sabotagem patrocinada pelos Estados Unidos, mas críticos da oposição ridicularizaram o blecaute como o resultado de duas décadas de administração ruim e corrupção.
"A polícia bate em nós, embora sofra da mesma calamidade", disse Lilia Trocel, 58, uma comerciante. "Eu ainda não tenho energia e perdi parte da minha comida", disse ela, referindo-se à comida estragada pela falta de energia.
"Queremos marchar", "Sim, podemos", gritava um grupo de seguidores de Guaidó diante de um efetivo do Batalhão de Choque que bloqueava o acesso à avenida Victoria, ao leste de Caracas, onde a polícia impediu a instalação do palco para o comício da oposição. Agentes do serviço de Inteligência monitoram a área.
"Não tem água, nem luz, nem comida. Não aguentamos mais", disse Jorge Lugo, um morador do bairro de Santa Mônica (sudeste de Caracas).
"Acham que vão nos meter medo hoje, mas vão levar uma surpresa do povo e das ruas. Querem jogar com o desgaste, mas não têm como conter um povo que está decidido a concretizar o fim da usurpação", tuitou Guaidó neste sábado.
Ao longo da noite, a polícia impediu organizadores da manifestação de armarem um palco no local do comício, disseram parlamentares de oposição no Twitter.
Maduro
O Partido Socialista convocou uma manifestação paralela para este sábado para protestar contra o que chama de imperialismo dos Estados Unidos, que impôs severas sanções ao governo de Maduro, tentando cortar suas fontes de financiamento.
Maduro atribuiu o apagão a uma "guerra elétrica" promovida pelo "imperialismo americano". "Seguimos na batalha e na vitória diante da permanente e brutal agressão contra nosso povo. Hoje, mais do que nunca, somos antiimperialistas. Nunca nos renderemos!", tuitou Maduro neste sábado.
Ele não apareceu em público durante o apagão, mas é esperado hoje na manifestação chavista no centro de Caracas.
Escuridão
O gigantesco corte de energia, o pior sofrido no país de 30 milhões de habitantes, começou na quinta-feira (7), às 16h53 em Caracas (17h53 em Brasília) e em quase todos os 23 estados da Venezuela.
O serviço ia se restabelecendo pouco a pouco neste sábado na capital e nos estados de Miranda e Vargas, mas permanece em muitas regiões, como Táchira, Zulia e Barinas. As autoridades ainda não deram um balanço da situação.
Em Caracas, o serviço de Metrô continuava suspenso, obrigando a população a realizar longas caminhadas. Já as telecomunicações começam a se normalizar, enquanto as lojas permanecem fechadas. O apagão obrigou a suspensão das atividades escolares e do trabalho.
"O problema é a comida. Tinha comprado carne e vai estragar. Vou à marcha, porque tem que haver uma mudança. Estamos cansados", disse Luis Álvarez, de 51 anos, que trabalha em uma transportadora.
Os hospitais viveram situações dramáticas, e os que têm gerador usam-nos apenas para as emergências. Os voos foram cancelados, e centenas de pessoas ficaram presas no aeroporto internacional Simón Bolívar e em outros terminais aéreas.
A oposição denunciou dezenas de mortes devido ao corte de energia, o que o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, classificou como "falso".
(Com Reuters e AFP)
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